Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Amor Sempre - Adenáuer

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus, 22:39.

O amor é a emoção  máxima que o ser humano consegue sentir no atual estágio de evolução em que se encontra. Ao reafirmar a regra áurea bíblica, o Cristo nos trouxe a certeza de que, por enquanto, nenhum outro sentimento se sobrepõe ao amor.

O próximo mais próximo de nós é a  personalidade interna e oculta em nosso íntimo, que nos exige atenção e equilíbrio. Isso não se constitui em justificativa para nos isolarmos das pessoas com as quais estejamos em relação direta. O próximo com quem nos relacionamos externamente terá sempre primazia em relação ao “próximo” interno.

O  como a ti mesmo significa a necessidade de nos amarmos como somos, a fim de podermos entender o amor ao próximo. Só verdadeiramente ama o próximo quem se conhece o suficiente para não realizar projeções enganosas.

Quem ama, ama as virtudes e os defeitos do outro, conseguindo transcender as exigências sociais, alcançando a alma. Amar é enxergar o Espírito. Sem as restrições e barreiras humanas. O defeito porventura existente no outro não é empecilho para o sentimento.

Podemos tomar a afirmação acima num sentido psicológico estabelecendo que o amor a si mesmo predispõe a mente a permanecer num estado de consciência que permite a compreensão da totalidade à sua volta. Amar a si mesmo é entrar em contato com sua essência íntima, assumindo-se como ser no universo, responsável total e de forma consciente pelos próprios atos, sem transferir sua responsabilidade para terceiros. É a consciência de ser deus e ter Deus em si mesmo.

Psicologicamente, é mais sensato entregar-se  à busca do amor universal do que do amor particular. Enquanto este traz predisposições momentâneas e se presta facilmente às projeções, aquele capacita à vida eterna e elimina projeções inconscientes.

Quem ama a si mesmo percebe suas próprias limitações evitando as atitudes enganosas motivadas pela
vaidade e pelo orgulho. Compreende melhor as situações provacionais e expiatórias que a Vida coloca, agindo com naturalidade e predisposição de aprender. Não se coloca em teste na vida, pois nada tem a provar a  ninguém, tendo consciência de si mesmo e de suas próprias limitações e potencialidades.

Amar a si mesmo é colocar a psiquê em estado de poder assimilar os  complexos inconscientes sem ser tomado por eles. Quem se ama, aceita sua sombra sem projetá-la nos outros, cuidando em adequar os efeitos colaterais de sua integração à consciência.

O amor ao próximo não se resume ao sentimento de afeição e ternura que temos para com um companheiro ou companheira, para com um parente ou alguém especial em nossa vida. Ele extrapola os limites da consanguinidade e da sexualidade. O amor ao próximo é o amor indiferenciado, sem face nem rótulo, sem restrições, sem bandeira e sem países. É o amor à Vida em toda sua plenitude. É aquele que se tem ao ser humano na sua  humanidade e que possibilita a percepção da obra de Deus através dele mesmo.

Nossos pensamentos e sentimentos, bem como nossa visão de mundo, são determinantes poderosos para o nosso destino. O que sentimos, muito mais do que o que pensamos, interfere em nossas vidas. Nossos sentimentos são capazes de atingir nosso corpo pela vibração específica que possuem. O corpo humano serve de anteparo às emoções reprimidas, tornando-se uma espécie de mata borrão  manifestando, através de doenças psicossomáticas, o que vai na alma e que não encontrou outra forma de manifestar-se. O sentimento de amor nos permite a manifestação de nossas emoções evitando a transferência para o corpo físico. O sentimento de amor evita a psicossomatização dos conflitos psíquicos. Amar o próximo como a si mesmo é um preventivo às doenças do corpo e da alma.

Esse sentimento de amor para consigo mesmo serve, ao mesmo tempo, para permitir à mente um estado de paz e felicidade, como também para uma espécie de autoterapia preventiva dos estados psíquicos que impedem o bom desenvolvimento da personalidade. Amar alguém como a si mesmo garante, do ponto de vista psíquico, clareza nas percepções dos próprios processos conscientes e, principalmente, inconscientes.

Quando realizamos projeções, isto é, quando notamos, de forma inconsciente, nos outros, características de personalidade que são nossas, não nos damos conta de que a simpatia ou antipatia que nutrimos por aquela pessoa se refere a nós mesmos. Por este ângulo, quem ama ou detesta alguém, o faz a si mesmo. Amar o próximo como a si mesmo pressupõe que as duas atitudes estão intrinsecamente relacionadas. Quanto mais amo o próximo, indistintamente, mais a mim mesmo amo. Quanto mais amo a mim mesmo, sem exagero narcisista, mais sou capaz de amar meu semelhante.

Do ponto de vista psicológico, amar o próximo como a si mesmo é predispor-se ao equilíbrio psíquico e à possibilidade de trabalhar seus conteúdos emocionais, desta ou de outras encarnações, com a certeza de que será bem sucedido no intento.

Dentro da mesma linha de raciocínio poderemos entender a resposta do Cristo a respeito do pagamento dos impostos. Ele disse:  “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”,  cuja interpretação clara é a consciência que se deve ter sobre os valores materiais, que se prestam aos fins a que se destinam, isto é, à dinâmica comercial da sociedade, diferentemente dos valores espirituais, eternos e essenciais.

Ainda sob o ponto de vista psicológico, poderemos perceber que a colocação do Cristo nos leva à compreensão das escolhas e motivações da vida. Quais os motivos que nos levam a fazer determinadas escolhas? Eles são internos e pessoais ou são externos e coletivos? É César (coisas materiais) quem nos motiva ou é Deus (coisas espirituais)? As coisas materiais  não cabem dentro de nós, são externas, portanto não são essenciais e geram dependência. As coisas espirituais são internas, ficam conosco, fazem parte de nós, não geram dependência.

O Cristo nos ensina a buscar motivações dentro de nós a partir da vivência espiritual, do contato com a
espiritualidade da Vida. Essa motivação interna não está nas coisas nem nas crenças, mas no que já internalizamos como emoções e sentimentos superiores. Em resumo, é dizer:  eu me motivo porque sei e porque sinto que o que faço de minha vida é bom para mim, para o próximo e para Deus.
                                             
Temos um desejo de poder, de ocupar um lugar de destaque no mundo de César, o que consome nossa energia psíquica, impedindo seu uso em melhores formas de crescimento. O desejo de poder responde pelo consumo de energia psíquica voltada excessivamente para o exterior. Onde o poder ocupa lugar de destaque, o amor se encontra esquecido.

A energia da Vida voltada excessivamente para a posse das coisas materiais nos obriga a adicionar força ao ego para que ocupemos um lugar de destaque no mundo. Com isso, sem o percebermos, adicionamos poder irreal a ele. Ficamos ansiosos em obter os objetos materiais e o destaque que achamos merecer. A ansiedade da posse incentiva a inflação do ego.

Amar o próximo como a si mesmo é permitir a manifestação de Deus em nós.

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