Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Da perfeição moral — as virtudes e os vícios


Curso Básico de Espiritismo

Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal

12. Da perfeição moral — as virtudes e os vícios

Para o homem comum, virtude é toda a resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude é o sacrifício dos interesses pessoais a favor do bem do próximo.
"Só não têm que lutar aqueles em quem já o progresso se realizou. Esses lutaram outrora e triunfaram. Por isso é que os bons sentimentos nenhum esforço lhes custam, e as suas acções parecem-lhes simplicíssimas. O bem tornou-se-lhes um hábito".
Vício vem a ser o arrastamento voluntário aos maus pendores, sem qualquer tipo de resistência; é uma fraqueza a que se entrega o espírito com a finalidade de satisfazer os seus interesses pessoais, sem preocupar-se com o prejuízo causado a outrem.
Um traço característico da imperfeição é o interesse pessoal colocado acima de qualquer outra coisa. "O verdadeiro desinteresse é ainda coisa tão rara na Terra que, quando se patenteia, todos o admiram, como se fosse um fenómeno."
"O desinteresse é uma virtude, mas a prodigalidade irreflectida constitui sempre, pelo menos, falta de juízo. A riqueza, assim como não é dada a uns para ser aferrolhada num cofre-forte, também não o é a outros para ser dispersada ao vento. Representa um depósito, do qual uns e outros terão de prestar contas, porque terão de responder por todo o bem que poderiam ter feito e não fizeram, por todas as lágrimas que poderiam ter estancado com o dinheiro que deram aos que dele não precisavam."
Os que fazem o bem a pensar em recompensa ou reconhecimento, nesta ou noutra vida, operam a serviço do orgulho e da vaidade, não merecendo, portanto, a condição de homens de bem.
A riqueza é um veículo que o homem deve utilizar para a prática do bem comum e geral, e não apenas para usufruí-la pessoalmente, em detrimento dos demais.
O conhecimento é um tipo de riqueza como outra qualquer, do qual o homem terá de prestar contas pela sua aplicação. O conhecimento dos defeitos alheios e a sua divulgação escandalosa é altamente censurável, devendo o que conhece os erros dos seus semelhantes evitar cometê-los, agindo de maneira oposta, para não incorrer nos mesmos. Quando a revelação de um mal não traga nenhum bem como consequência, é altamente culposa; mas o esclarecimento que se faça sobre ele, com vista a evitar-lhe a acção perniciosa, é um bem.
"Alguns autores publicaram belíssimas obras de grande moral, que auxiliam o progresso da humanidade, das quais, porém, nenhum proveito tiraram. Ser-lhes-á levado em conta, como espíritos, o bem que as suas obras tenham originado?"
"A moral sem as acções é o mesmo que a semente sem o trabalho. De que vos serve a semente se não a fazeis dar frutos que vos alimentem? Grave é a culpa desses homens, porque dispunham de inteligência para compreender. Não praticando as máximas que ofereciam aos outros, renunciaram a colher-lhes os frutos."

Paixões

A paixão é a concentração de energia que proporciona um exagero de acção. Ela faz parte da natureza humana e, quando é bem direccionada, pode levar o homem a grandes realizações, como o pode levar também a grandes derrocadas. O segredo está em saber governá-la, para evitar qualquer prejuízo ao semelhante, o que acabará por reverter contra o seu possuidor.
Enquanto o homem a dirige, pode ser a alavanca de grandes conquistas; quando ela dirige o homem pode ser a escada de grandes abismos. O seu mal não está no uso, mas sim no abuso.
"Todas as paixões têm o seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois assenta numa das condições providenciais da nossa existência". "Toda a paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual."
"Todo o sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do espírito sobre a matéria e aproxima-o da perfeição."
As más inclinações, o homem vence-as pelo exercício da vontade e através dos seus esforços, secundado pela ajuda eficaz da assistência espiritual que faça por merecer.

O egoísmo

É o pior de todos os vícios, e é de onde deriva todo o mal; é a verdadeira chaga da sociedade, porque é a anulação do amor ao semelhante. O egoísmo é o maior neutralizador das demais qualidades do homem; é a hipertrofia do interesse pessoal.
Por ser inerente à espécie humana, é um obstáculo ao reinado do bem na Terra, sendo característica da inferioridade do espírito. Dele somente se despoja à medida que se instrui acerca das coisas espirituais, e assim desprendem-se do valor material que dão às coisas e às pessoas, e melhoram-se nas relações sociais com o semelhante.
O endurecimento espiritual da humanidade é grande, sendo preciso que o mal derivado do egoísmo seja tão intenso que coloque a sobrevivência do homem em risco, a fim dele poder acordar para a realidade da vida de que deve prevalecer a solidariedade, que é fruto do respeito aos direitos dos outros. "...Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco, e não serão mais vistos homens a quem falta o indispensável, porque todos praticarão a lei de justiça. Esse é o reinado do bem, que os espíritos estão incumbidos de preparar."
Sendo a mais enraizada dentre todas as imperfeições humanas, por derivar da influência da matéria sobre o espírito, o egoísmo oferece grande resistência à sua destruição.
Pelo facto do homem estar muito próximo da sua origem, o egoísmo está sempre presente nos seus actos, e somente quando a vida moral predominar sobre a material é que ele será vencido. O maior golpe que se pode dar ao egoísmo recai sobre o seu filho directo, o personalismo, que erige para o seu possuidor um pedestal onde ele assenta.
O fortalecimento do egoísmo também se deve ao facto de o homem ao experimentar o do seu semelhante, como defesa desenvolve o seu; daí a importância do exemplo, que gera modelos, não só na família, mas também na comunidade social. O homem deseja ser feliz, e natural é o sentimento que dá origem a esse desejo. Por isso é que trabalha incessantemente para melhorar a sua posição na Terra, que pesquisa as causas dos seus males, para remediá-los. Quando compreender bem que no egoísmo é que reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que a cada momento o magoam; a que perturba todas as relações sociais, provoca as dissensões, aniquila a confiança; a que o obriga a manter-se constantemente na defensiva contra o seu vizinho; enfim a que dum amigo faz um inimigo, ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua própria segurança. E quanto mais haja sofrido por efeito desse vício, mais sentirá a necessidade de combatê-lo, como se combate a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos. O seu próprio interesse o induzirá a isso.
"O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro."

Caracteres do homem de bem

O homem de bem reconhece-se pela sua elevação espiritual, que é provocada pela compreensão da vida espiritual e pelas suas atitudes evidenciadas na prática da lei de Deus, ou seja, das leis morais.
O homem de bem é o que procura ser justo, amoroso, caritativo, fazendo aos outros o que gostaria que lhe fizessem.
É humanitário, bondoso e benevolente. Se é rico materialmente, encara a riqueza material como um depósito que Deus colocou nas suas mãos para gerar bem-estar ao maior número possível de pessoas através do trabalho engrandecedor.
É complacente com os que estão sob a sua dependência, usando a sua autoridade para lhes levantar o moral, e nunca para esmagá-los. Não é egoísta nem vingativo. É inteligente e respeitador em relação aos erros e direitos dos seus semelhantes.

Autoconhecimento

O meio prático e eficaz que o homem tem de se melhorar nesta vida, e resistir à atracção do mal, que reside nele próprio, é o de conhecer-se, de mergulhar nas profundezas da sua estrutura psicológica, mental e espiritual, e encarar-se face a face, corajosamente. Isto pode ser conseguido à medida que o homem interroga a própria consciência, passando diariamente em revista os seus actos quotidianos; quando ele questiona se fez todo o bem ao seu alcance, com as múltiplas oportunidades que a vida lhe concedeu naquele dia, e se pôde evitar os males que lhe acenaram.
Mas como pode o homem ser juiz de si próprio, quando procura sempre amenizar as suas faltas e engrandecer as suas pequenas boas acções? O meio de verificação infalível é questionar: como veria tais atitudes praticadas pelo seu semelhante? Como o julgaria?
Outro meio de aferir quanto ao valor da nossa conduta está na medida e na opinião que de nós fazem os nossos inimigos que, o mais das vezes, exceptuando os casos de inveja e antipatia gratuita, são instrumentos que Deus coloca no nosso caminho para advertência. Dizem com franqueza, e até com aspereza, o que o nosso melhor amigo evitaria dizer-nos.
A reflexão sobre todos esses elementos leva-nos, fatalmente, ao autoconhecimento. E é por este tipo de conhecimento que iremos aumentar o raio de acção da nossa consciência, agindo de maneira eficaz contra os males, fruto da nossa ignorância e da falta de prática das leis morais.
Conhecendo e praticando as leis morais, de maneira sistemática e ordenada, acrescentamos em nós os valores eternos e permanentes da perfeição moral, que nos levarão à pureza espiritual, para a qual fomos talhados, fechando o ciclo de evolução.
De Deus saímos simples e ignorantes (inconscientes), para Deus voltaremos sábios e puros, porque perfeitamente conscientes.

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