Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Melindre e Personalismo

Do livro Laços de Afeto Caminho do Amor na Convivência – Cap 21 – Melindres nos Centros Espíritas
Página ditada pelo Espírito Ermance Dufaux

Melindres nos Centros Espíritas

“Os antagonismos, que não são mais do que efeitos de orgulho superexcitado, fornecendo armas aos detratores, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender”.
O Livro dos Médiuns – Cap XXIX – item 348


Costuma-se asseverar que ele é a doença pertinaz de nossos meios espíritas. Somente a criatura abnegada nos serviços do bem não padece suas injunções a ponto de se agrilhoar. É o melindre – reação de apego doentio às nossas criações.

No campo moral podemos concebe-lo com as seguintes facetas:
- Personalismo magoado.
- Indicador de nosso contágio pelo egocentrismo.
- Rebeldia do orgulho.

Surge com mais assiduidade nos relacionamentos de pouca profundidade afetiva, nos quais escasseiam os valores da sinceridade, do diálogo e do bem-querer. Sua faina consiste em minar as energias através da mágoa crescente, expressada em complexos mecanismos de tristeza, decepção, desânimo e revolta. E depois de alcançar as fibras mais sensíveis do sentimento, promove um “campo de guerra” nos pensamentos que penetra as faixas da fantasia e da obsessão.

Analisando por um prisma psicopatológico, o estágio agudo do melindre, processado em cólera muda ou
manifesta, corresponde a uma fuga momentânea da realidade para uma incursão alienante em  “quadro
esquizofrênico” de rápida duração, no qual a mente raia  pelos campos delirantes e persecutórios.
Há pessoas propensas a se melindrarem graças à posição íntima de se colocarem como vítimas da vida.
Assediadas por “culpas de outras vidas”, que mais não são que seus desvarios de autopiedade e pieguismo, elaboram  um sensível sistema psíquico que as predispõe a se sentirem perseguidas pela “má sorte”, pelos “obsessores” e pela e pela indiferença dos outros em relação a elas.  No fundo são vítimas de si mesmas. São casos de desajustes reencarnatório em base de rebeldia e inconformação com a sua atual existência, promovendo uma insatisfação persistente com tudo e com todos, em lamentável egocentrismo de opiniões  e interesses onde quer que se movimentem.

A atitude de suscetibilidade é a responsável pela grande maioria dos litígios, cismas, agastamentos e das
querelas do relacionamento dentro das nossas casas espíritas. Nisso encontramos mais uma  forte razão para o urgente investimento na melhora emocional das relações interpessoais dos integrantes de nossas agremiações de amor. O melindre é a respostas irracional da emoção demonstrando plena ausência de inteligência intrapessoal. As criaturas educadas emocionalmente têm sempre respostas adequadas ao teste do melindre. Reagir com equilíbrio, elaborar soluções criativas aos impasses e agir com espontâneo amor são respostas de quem é dotado de farta inteligência emotiva, lograda em refrega nas vivências do Espírito que amadureceu para a vida. O melindre é a pobre resposta do sentimento agredido.

As casas espíritas compostas por relacionamentos de conteúdo moral elevado tais como a assertividade, a empatia, o conhecimento mútuo, a amizade favorecem uma convivência saudável e harmoniosa que ensejam defesas contra o “vírus” contagiante do orgulho ofendido.

Por longo tempo ainda estagiaremos sob o alvitre do amor próprio ferido, já que ainda não guardamos a
suficiente abnegação e humildade para superá-lo integralmente. Nada mais natural que recebermos seus
reflexos. Contudo, se já temos em nós a luz do Evangelho e do Espiritismo para guiar nossos passos,  compete-nos empreender árdua luta para não permanecermos por tempo demasiado sob a sua influência
perniciosa, a fim de não permitirmos os dolorosos trâmites da subjugação e da perda energética seguida de doenças variadas, sobretudo, no sistema circulatório. Enredados em suas malhas, procuremos meditar e orar, estudemos suas origens em nós e afastemos tudo quanto possa dar-lhe guarida por mais tempo.

Empreendamos nossos melhores esforços pela casa espírita mais fraterna e de relações honestas, sinceras, onde encontremos o clima desejável de confiança e afeto para dirimirmos as dúvidas naturais de nossa convivência, que também se encontra em aperfeiçoamento e aprendizado, não permitindo as brechas das imaginações doentias que são campo arado para a ofensa e a desavença.

Lembremos, por fim, que o futuro trabalhador do movimento espírita é, quase sempre, originado das
experiências cotidianas de nossas Casas, onde muito experienciou  nas sendas da suscetibilidade ferida.
Ante esse fato, ficam para nós as indagações: qual terá sido o recurso de superação adotado pelo
trabalhador nas questões melindrosas?  Terá ele desenvolvido habilidade emocionais inteligentes para lidar harmoniosamente com tal imperfeição, ou apenas adquiriu o hábito de se insensibilizar e tornar imune às agressões? Precisamos dessas respostas, pois elas explicam e geram muitos fatos!!

Do livro Laços de Afeto Caminho do Amor na Convivência
Página ditada pelo Espírito Ermance Dufaux

Vícios de Prestígio

“O choque, que o homem experimenta, do egoísmo dos outros é o que muitas vezes o faz egoísta, por sentir a necessidade de colocar-se na defensiva. Notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem o princípio da caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensaram. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em fase do atual extravasamento de egoísmo, grande virtude é verdadeiramente necessária, para que alguém renuncie à sua personalidade em proveito dos outros, que, de ordinário, absolutamente lhes não agradecem  ”.
O Livro dos Espíritos – Questão 917 - Fenelon

Acostumamos enunciar nos meios espíritas que somos orgulhosos. Admitimos essa imperfeição, mas temos que reconhecer que ainda somos inaptos para detectar seus traços em nossa personalidade. Façamos então uma singela análise em uma de suas mais variadas manifestações sutis. Escolhamos a esfera da vaidade!

O perfil  moral dos habitantes da Terra guarda uma feição comum que é a necessidade de valorização e
reconhecimento pessoal, o que seria muito natural não fosse nossa paixão no egoísmo. No entanto essa
necessidade tem constituído uma tormenta social: considerando que todos querem ser prestigiados, quem ficará para prestigiar?

Pouquíssimos são os que se encontram sensibilizados para a arte da alteridade, dispostos a destacar
conquistas e valores no outro. Esse é o choque do egoísmo a que se refere Fénelon: cada um querendo que o outro pense nele sem se preocupar com os demais, oferecendo motivações para o descaso e o
egocentrismo.

Observe o amigo da Terra um exemplo. Se você iniciar uma narrativa que destaque seus valores individuais ou algum episódio de êxito na sua existência, quem estiver lhe ouvindo logo iniciará um processo similar, sem sequer ocupar-se em ouvir sua história ou dela tirar algum proveito.  É como diz Fénelon: “notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros.”

O vício de prestígio consome a criatura em disputas inglórias e imaginárias por apreço e consideração. O
mundo mental desses viciados desgasta-se em busca da aprovação de todos, e quando alguém não lhe
rende as homenagens e tributos esperados, é considerado um opositor ou indiferente. Seu principal malefício é essa espera de aceitação e consideração incondicionais, como se todas as pessoas tivessem a obrigação de enaltecê-lo.

Como é portador de muita suscetibilidade, pequenas desatenções e discordâncias são recebidas pelo viciado com revolta e mágoa suficientes para instalar um “pânico de revolta íntima”, como se mentalmente indagasse: “por que esse súdito não me homenageou?”

Assim como existe a dependência química de tóxicos, existe a dependência psíquica de evidência e
reconhecimento individual. Esse tipo de viciado é escravo da auto-imagem exacerbada que faz de si mesmo. As causas desse vício podemos verificar na infância, quando a criança é levada a níveis abusivos de repressão no lar, dependendo de aprovação para tudo, tornando-se insegura, sem autoconfiança, crescendo como adulto frustrado; outro tanto, de forma mais intensa ainda, verificamos as raízes desse mal nas pregressas existências, quando a alma acostumou-se aos faustosos títulos sociais e às honras individualistas que sempre lhe alimentavam o ego insaciável, na sedimentação da “cultura do melhor em tudo”.

A educação na sociedade moderna destina-se ao aplauso, ao êxito, e raramente educa-se para saber perder ou  lidar bem com as derrotas e críticas.  Treina-se para a passarela do sucesso e a necessidade de
aprovação e reconhecimento social, sem se preparar para o auto-amor. O vício de prestigio é um sintoma claro de que não nos plenificamos conosco próprio, de ausência de auto-realização, de amor a si próprio. Se nos amássemos, não teríamos tanta dependência de opiniões e atitudes alheias. O que impulsiona esse vício, mais que a necessidade de ser aceito, é o medo da rejeição: um dos sentimentos mais camuflados e  comuns na humanidade, que pode ser estimulado pelas causas acima citadas.

Esse cenário moral é um convite imperioso para que trabalhemos pela formação de um “perímetro”  de
relações sinceras, onde se possa forjar o caráter objetivando a aquisição dos hábitos altruístas e o
desprendimento dessas neuróticas necessidades de tributos personalísticos. Recordemos a oportuna
recomendação de Jesus para convidarmos coxos e estropiados quando dermos um banquete... (1)
Tal quadro de indigência espiritual e afetiva  induz-nos a grave reflexão: estariam nossos círculos de
Espiritismo Cristão atendendo a essa construção do ambiente regenerativo de nossas almas? Ou será que, mesmo nas frentes de serviços com Jesus, estaríamos cultivando as amizades de conveniência que nos garantam a “nutrição da bajulação”, mantendo os feudos de glórias pessoais?
O momento de transição da humanidade é instante de árduas comoções. O egoísmo precisa ser extirpado e para isso somos todos convidados, de uma ou de outra forma, a descer dos “tronos” da falsa superioridade ou sair da “cabeceira” das decisões individualistas. É tempo de abnegação e renúncia!

Convenhamos: nossa parcela de personalismo é enorme, mesmo nas lições de amor às quais nos
afeiçoamos juntos aos labores doutrinários. Anotemos assim algumas de suas rotineiras formas de se
apresentar, a fim de matricularmo-nos numa auto-avaliação sobre a possibilidade de ainda nos encontrarmos prazerosos com o vício do prestígio pessoal:

- Aversão a crítica.
- Mendicância de reverência
- Gosto pela pompa.
- Imposição de pontos de vista.
- Melindre nas discordâncias.
- Magoa alimentada.
- Importância conferida ao nosso nome.
- Apego a tarefa.
- Vício do elogio.

Com todo o respeito que devemos uns aos outros, não podemos deixar de assinalar que entre nós, os
devotos da causa espírita, encontram-se lamentáveis episódios de vaidade. Alguns corações, mais doentes que mal intencionados, não conseguiriam “manter-se espíritas” sem a reverência coletiva!!!...
Contudo, a “vitrine da fama” não foi feita para os discípulos do Cristo, e nossa maior conquista espiritual é o poder de negar a si mesmo. O trabalhador em busca de reconhecimento pessoal efetivamente não serve à causa de Jesus.

Fénelon refere-se  à força moralizadora do exemplo como forma de renovar as relações de homem a homem. Certamente essa indicativa é admirável receita para nossa recuperação frente ao descontrolado vício de ser valorizado. E para iniciarmos um processo educativo nesse sentido, deixemos uma dica preciosa na mudança dos nossos hábitos: comecemos a falar menos de nós e estejamos mais atentos em prestigiar o outro...


Do Livro Laços de Afeto – Caminhos do Amor na Convivência.
Ditado pelo Espírito Ermance Dufaux - Psicografia de Wanderley S. de Oliveira - Parte II - Capítulo 19
Nos leitos da Caridade

“Como a caridade é o mais forte antídoto desse veneno, o sentimento da caridade é o que eles mais procuram abafar. Não se deve, portanto, esperar que o mal se haja tornado incurável, para remediá-lo; não se deve, sequer, esperar que os primeiros sintomas se manifestem; o de que se deve cuidar; acima de tudo, é de preveni-lo”.
O Livro dos Médiuns – Cap XXIX – item 340

Uma sutilidade da convivência humana tem se tornado muito habitual: a falta de gratificação nos
relacionamentos. O efeito imediato dessa indesejável situação é a ausência de motivos para  recriar os encontros, já desgastados, com aqueles que compartilhamos os deveres na órbita doutrinária, levando-nos a acalentar o distanciamento proposital, escolhido.

No educandário das provas sociais, onde crescemos à custa do trabalho-obrigação, é compreensível que tal quadro se desenvolva. Não podemos afirmar o mesmo quando se trata dos encontros e desencontros nas frentes de crescimento com Jesus.
Simpatias, antipatias, admiração e aversão nessa perspectiva são fatores reeducacionais de aprendizagem
dos quais jamais devemos desertar, a pretexto de estabelecer somente relações felizes e que sejam
agradáveis.
Quando nominamos o centro espírita com educandário do afeto é porque nele percebemos a imensa clareira de oportunidades para a aquisição dos valores morais e emocionais, que somente serão hauridos na vida relacional ajustada a uma proposta de transformação pelas vias da educação.
Uma das causas dessa desistência de conviver podemos encontrar na sobrecarga que muitas vezes
costumamos colocar sobre os irmãos de ideal, em razão das elevadas expectativas que nutrimos sobre o seu proceder, aguardando deles finuras e gentilezas constantes como atestado de autenticidade espírita.  Com isso esquecemos das nossas limitações e carências, passando a cobrar dos outros o que ainda não temos condições de realizar. É salutar aguardar o melhor dos amigos, contudo, evitemos a rigidez ante suas escorregadelas, porque senão estaremos, em verdade, acariciando a intransigência disfarçada de decepção. Elevadas expectativas devemos tê-las para conosco mesmo, embora ainda assim tenhamos de usar de paciência e autoperdão constantes.

Temos muitas barreiras de comunicação nas relações, e isso tem impingido uma carga por demais pesada no favorecimento do entendimento e da afetividade. O tempero do afeto, contudo, facultaria o encanto e o bem-estar à convivência, estimulando a continuidade de elos imprescindíveis para a elaboração de projetos e labores de fundamental significado nas leiras do serviço espiritual.

Ações intransigentes, se dotadas de afeto, tornar-se-iam determinação construtivas. Palavras enérgicas, embaladas na ternura da voz, seriam alertas promissores. Normas rígidas, se externadas com carinho, concitariam à reflexão. Vigiemos, portanto esse distanciamento por opção e transformemos nossas relações. Reflitamos um pouco mais: deslocamos quilômetros para servir em caridade àqueles penalizados na pobreza, nos cárceres, nos hospitais, nas creches ou nas sombras da obsessão, todavia, quase sempre, descuidamos daquele coração que está ao nosso lado nas tarefas junto à agremiação doutrinária, com o qual nem sempre nutrimos as melhores expressões de afinidade e simpatia.
Estejamos assim mais atentos aos leitos de dor e penúria que se encontram, também, no âmbito de nossas próprias relações doutrinárias, acrescendo-lhes amor e amparo, proximidade e afeição.

Afeto no ato de ouvir é a caridade da atenção. Quantos se sentem menosprezados e submissos aos leitos da escassa auto-estima, chamado por um minuto de prestígio?
Afeto na atitude de valorizar o esforço alheio é a caridade do incentivo. Quantos se encontram desanimados e estirados aos leitos do descomprometimento por faltarem-lhe apreço a sua colaboração?
Afeto na saudação é a caridade da cordialidade. Quantos são aqueles que ente um gesto de bondade
decidem levantar-se do leito da aversão?
Afeto na prontidão é a caridade da cooperação. Milhares de criaturas, sob a influência contagiante da atitude da disponibilidade alheia, libertam-se dos leitos da preguiça seguindo-lhes os exemplos.
Afeto na delegação é a caridade da confiança. Será que imaginamos quantos são os corações sensíveis e
bem intencionados que se entregam aos leitos da desistência simplesmente por não serem convocados a
realizar?
Afeto na disciplina, caridade da tolerância. A ausência de ternura na aplicação de regras tombam muito nos leitos da insatisfação e da inveja.
Afeto na palavra, caridade da brandura. A rigidez do verbo tem agredido a muitos que se aferram
propositadamente aos leitos da suscetibilidade.
Afeto na tolerância, caridade da indulgência. E quantos são os que padecem o arrefecimento do ideal em
razão de serem entregues aos leitos da recriminação, ante suas intenções e projetos de ousadia nas
mudanças?
Atenção, incentivo, cordialidade, cooperação, confiança, tolerância, brandura e indulgência são as “caridades de casa”, pródigas fontes formadoras do espírito familiar que deve enlaçar os grupamentos  erguidos em nome de Jesus e Kardec.
Caridade no grupo é obtenção de paz, alívio de culpas, restauração do afeto pela compensação em dar,
exercícios de Amor pela didática da solidariedade, revitalização energética, recomposição consciencial,
desarticulação dos reflexos da educação infantil, desvinculação obsessiva, lenitivo, conforto e alívio para caminhar.

Estudemos mais sobre a caridade relacional e compreendamos melhor os benefícios da vivência do afeto em favor de nosso futuro espiritual, porque então  descobriremos, pelo estudo e pela convivência, que amar é vigoroso preventivo que elimina grande parte de nossas dores provacionais na escola da convivência.

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