Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Paradigma Médico-Espírita, pontos de intersecção entre Medicina e Espiritismo.

Marlene Nobre

Em 1859, Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, no preâmbulo do seu livro O Que é O Espiritismo? (Qu'est-ce que le Spiritisme?) afirmou:
"Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal".
("Le Spiritisme est une science qui traite de la nature, de l'origine et de la destinée des Esprits, et de leurs rapports avec le monde corporel")
Mais tarde, em novembro de 1868, falando à Sociedade Espírita de Paris, o Codificador apresentou um resumo da Religião Espírita, do qual destacamos os seguintes tópicos:
"Crer num Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na pré-existência da alma como única justificativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na equitativa recompensa do bem e do mal, conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceção, (...) ; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível; na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar-se, cada dia, para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas descobertas da ciência a revelação das leis da natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que se pode conciliar com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus." (1)
"Croire enun Dieu tout-puissant, souverainement juste et bom; croire enl'âme et enson immortalité; à la préexistence de l'âme comme seule justification du présent; à la pluralité des existences comme moyen d'expiation, de réparation et d'avancement intellectuel et moral; à la perfectibilité des êtres les plus imparfaits; (...); à l'équitable rémunération du bien et du mal, selon le principe: à chacun selon ses oeuvres; à l'égalité de la justice pour tous, sans exceptions, (...); au livre arbitre de l'homme, qui laisse toujours le choix entre le bien et le mal; croire à la continuité des rapports entre le monde visible et le monde invisible; à la solidarité qui relie tous les êtres passés, présents et futurs, incarnés et desincarnés; considérer la vie terrestre comme transitoire et l'une des phases de la vie de l'Esprit, qui est éternelle; accepter courageusement les épreuves envue de l'avenir plus enviable que le présent; pratiquer la charité em pensées, em paroles et em actions dans le plus large acception du mot; s'efforcer chaque jour d'être meilleur que la veille, enextirpant quelque imperfection de sonâme; sumettre toutes ses croyances au contrôle du libre examen et de la raison, et ne rien accepter par la foi aveugle; respecter toutes les croyances sincères , quelque irrationnelles qu'elles nous paraissent, et ne violenter la conscience de personne; voir enfin dans les découvertes de la science la révélation des lois de la nature, qui sont les lois de Dieu: voilà le Credo, la religion du Spiritisme, religion qui peut se concilier avec tous les cultes, c'est-à-dire avec toutes les manières d'adorer Dieu."
Este amplo descortínio de idéias, esta visão ecumênica alargada, permeia toda a produção intelectual e moral de Allan Kardec, refletindo a sua sintonia com os ensinamentos revelados pelos Espíritos Superiores e, igualmente, a influência benéfica que recebeu de Pestalozzi, durante sua formação educacional, em Yverdun, na Suiça, nas primeiras décadas do século XIX.
O Codificador deixou-nos uma herança que não deve ser esquecida: o respeito pela Ciência e o verdadeiro sentido da Religião, tal como houvera aprendido com seu mestre Pestalozzi e sedimentado no contato com o Além :
"O Espiritismo e a Ciência completam-se um ao outro; à Ciência sem o Espiritismo, fica impossível explicar certos fenômenos só com as leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, lhe faltaria apoio e controle" (2)
"Le Spiritisme et la science se complètent l'unpar l'autre: la science sans le Spiritisme se trouve dans l'impuissance d'expliquer certains phénomènes par les seules lois de la matière; le Spiritisme sans la science manquerait d'appui et de contrôle". (2)
Revelando a existência do Espírito, um dos elementos constitutivos do Universo, e a interatividade constante e permanente entre a humanidade encarnada e desencarnada, o Espiritismo "toca forçosamente na maior parte das ciências" (3), descortinando uma nova visão da realidade, que inclui a de um novo ser humano. E seus princípios têm-se revelado em perfeita consonância com os novos paradigmas da ciência, sobretudo, com os extraordinários avanços da física quântica.
"Touche forcément à la plupart des sciences" (3) La Genèse, chap.I
Fritjof Capra, ilustre físico e humanista, ressalta em seu livro, O Ponto de Mutação, a necessidade de uma nova visão da realidade, construída a partir de um modelo que se baseie "na consciência do estado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos - físicos, biológicos, sociais e culturais". Segundo crê, "esta visão transcende as atuais fronteiras disciplinares e conceituais e terá de ser explorada no âmbito de novas instituições" (4 ).
A Medicina do futuro, proposta por Capra, requer muitas mudanças no paradigma vigente, uma vez que adotará a Assistência Holística à Saúde, considerando os processos mórbidos como essencialmente mentais, a enfermidade como um desequilíbrio que ocorre freqüentemente por uma falta de integração que se pode manifestar em vários níveis do organismo, a gerar sintomas de natureza física, psicológica e social.
Esta visão integral do ser humano começou para a Medicina Ocidental, com Hipócrates, na Escola de Cós, que considerava a saúde como um estado de equilíbrio entre influxos ambientais, modos de vida e vários componentes da natureza humana, entre os quais os humores e as paixões; entendendo-se o equilíbrio dos humores como harmonia química e hormonal e as paixões como interdependência mente/corpo. Tinha em conta também o poder curativo da natureza que correspondia às forças curativas inerentes aos organismos vivos; o médico deveria ajudar essas forças naturais, criando condições favoráveis ao processo de cura.
Nos dois últimos séculos, porém, a Medicina aprofundou o seu distanciamento dessa visão integral do homem, e só recentemente, a partir da década de 1970, observamos a tentativa de resgate da Medicina Espiritual, em algumas instituições isoladas.
O Espiritismo contribuiu para a retomada destes conceitos mais amplos. A insistência do Espiritismo na sobrevivência da alma, na possibilidade desta comunicar-se com o homem, a comprovação dos fenômenos mediúnicos a demonstrar a possibilidade da intervenção do ser espiritual que sobrevive ao corpo sobre a matéria, não só levou a uma plêiade de sábios a debruçar-se sobre os fenômenos a fim de comprová-los, mas induziu os estudiosos a levarem em conta a existência do ser espiritual no fenômeno humano, descartando a hegemonia da matéria na explicação do comportamento do homem. Como reconheceu Charles Richet, foi a insistência de Allan Kardec que chamou a atenção dos sábios para os fenômenos paranormais. Mas o mesmo Kardec ressaltou que muitos fenômenos poderiam ser produzidos pelo próprio psiquismo do sensitivo, reconhecendo assim a possibilidade de sua influência sobre o próprio corpo físico.
A visão espírita de saúde é holística: todos os processos mórbidos são essencialmente mentais, comandados pelo Espírito e todos os fenômenos - físicos, biológicos, sociais, culturais e espirituais - exercem influência sobre ele, que os metaboliza e integra. Segundo esta visão "saúde é a perfeita harmonia da alma" (5); constitui, portanto, uma aquisição lenta e gradativa do Ser, à medida que progride em conhecimento e amor, com o concurso das experiências hauridas nas vidas sucessivas.

Nesta palestra, vamos detalhar , inicialmente, os princípios espíritas, tanto os revelados, no século XIX, na França, e enfeixados nos livros da Codificação, por Allan Kardec, quanto os complementos desta Revelação, canalizados da Esfera extrafísica para a Terra, pelo médium Francisco Cândido Xavier, no Brasil, no século XX. Com isso, esperamos esboçar a visão espírita do homem integral - o Ser biopsicosocioespiritual -; em seguida, procuraremos analisar as Perspectivas da Saúde no século XXI, à luz desse Paradigma.
Neste exercício, buscamos amparo na reflexão de Santo Agostinho: "A Fé procura o Intelecto encontra" (6). Embora a Ciência não tenha por norma admitir ou consultar, diretamente, as veredas abertas pela fé, ela tem se apoiado nelas para avançar, uma vez que as teorias revolucionárias de muitos de seus gênios, que mudaram o rumo da vida planetária, têm se originado nos lampejos da inspiração, como bem o reconheceu Albert Einstein, no prefácio do livro de Max Planck, Aonde Vai a Ciência? :
"Assim, o labor supremo do físico é o descobrimento das leis elementares mais gerais, a partir das quais pode ser deduzida logicamente a imagem do mundo. Mas não existe um caminho lógico para o descobrimento dessas leis elementares. Existe, unicamente, a via da intuição, ajudada por um sentido para a ordem, que permanece por detrás das aparências, e este Einfuehlung se desenvolve pela experiência." (7)
Também Immanuel Kant, como lembrou Jeffrey Mishlove (8), sustenta que é através da intuição que "nós construímos e mantemos os elementos básicos do nosso mundo - nosso sentido de espaço e tempo, de identidade, de veracidade das coisas, nosso sentido de beleza e bondade. A intuição, derivada da estrutura verdadeira ou essência de nossas mentes, é vista em filosofia como sendo prioritária a toda percepção e racionalidade".
Assim tem sido ao longo da história humana, embora vicejando de forma oculta, os caminhos da fé, que se confundem com os da intuição, têm determinado o desenvolvimento e a evolução de todos os seres. E assim tem sido porque a intuição é esta via secreta, de limites indefiníveis e inabordáveis, que liga o Criador à criatura, a "crisálida de consciência" à Sublime Consciência do Universo.
Cremos que as revelações proporcionadas pelo Espiritismo constituem picadas inovadoras, abertas pela fenomenologia espírita, por cima das quais, a Ciência transitará, mais hoje, mais amanhã, construindo as avenidas largas do progresso, com as quais se beneficiará toda a humanidade. A Doutrina Espírita está nelas alicerçadas e se constituiu numa explicação coerente dos fenômenos e da vida espiritual.
Temos convicção disso. Em nossos estudos e pesquisas, não perdemos de vista, porém, a recomendação de Allan Kardec:
"O Espiritismo caminha com o progresso, e jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas comprovarem que ele está errado em um determinado ponto, ele o modificará; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará". (9)
"Le Spiritisme, marchant avec le progrès, ne sera jamais débordé, parce que, si de nouvelles découvertes lui démontraient qu'il est dans l'erreur sur um point, il se modifierait sur ce point; si une nouvelle vérité se révèle, il l'accepte (9) La Genèse, chap. I
É com este espírito que exporemos, a seguir, um resumo dos conceitos que constróem o Paradigma Médico-Espírita.
VISÃO INTEGRAL : O PODER DO ESPÍRITO
A Organização Mundial de Saúde (OMS), no preâmbulo do seu Estatuto, define:
"Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social". Este conceito, todavia, não é aplicado na prática médica comum, porque a maioria dos médicos não o conheceu, muito menos o vivenciou, durante a sua formação universitária, seguindo os cânones das Escolas Médicas que se estruturam no paradigma reducionista materialista. Este posicionamento demonstra o atraso com que se tem havido a ciência médica no reconhecimento do homem como objeto de suas preocupações. Se cientistas quânticos, como o professor Amit Goswami, inclinam-se a considerar a consciência como criadora do mundo material e a investigarem os fenômenos por ela provocados, se a psicologia transpessoal aborda diretamente o espiritual sem poder descartá-lo na compreensão do ser humano, é evidente que os médicos espíritas, amparados pelas provas maciças que recolhem nas investigações mediúnicas, não poderiam deixar de lado o Ser consciente que é preexistente e sobrevive ao corpo. Em face disto, para nós, médicos espíritas, a definição da OMS, embora represente um avanço, ainda é incompleta, porque não contempla o constituinte fundamental do ser humano - a alma.
O espírito encarnado ou alma concentra todo o poder de comando sobre o organismo físico: Do hidrogênio às mais complexas unidades atômicas, é o poder do espírito eterno a alavanca diretora de prótons, neutrons e elétrons, na estrada infinita da vida", ensinam os Instrutores Espirituais. (10)
Da mente humana originam-se, portanto, "as forças equilibrantes e restauradoras para os trilhões de células do organismo físico; mas, quando perturbada, emite raios magnéticos de alto poder destrutivo..." (11).
Essas forças destrutivas atingem, primeiramente, o organismo do próprio emissor, desequilibrando-o, e depois o ambiente como um todo. Na prática, constatamos que "as grandes emoções podem curar o corpo ou aniquilá-lo", do mesmo modo que as preocupações excessivas com os sintomas patológicos aumentam as enfermidades. Todos os sentimentos negativos e os sintomas mentais depressivos influem, de forma desagregadora, no funcionamento das células, causando distonias e reduzindo a resistência orgânica. (12)
Muito raramente, portanto, as moléstias não se encontram diretamente relacionadas ao psiquismo como causa determinante ou concausa.
Hoje, como ontem, há fortes argumentos em favor da existência do Espírito, como resultado de pesquisas, conduzidas por investigadores que, de um modo geral, desconhecem o Espiritismo, e são realizadas em diversas áreas, tais como: Experiência de Quase Morte (NDE), Visões no Leito de Morte, Experiência Fora do Corpo, Transcomunicação Instrumental e Reencarnação. Para maiores informações, recomendamos o livro do engenheiro Hernani Guimarães Andrade, Morte, Uma Luz no Fim do Túnel.
Não há tempo para detalharmos essas pesquisas, mas é oportuno lembrar, pelo menos, as que se referem à Experiência de Quase Morte (Near Death Experience- NDE), cujos registros têm sido realizados por colegas médicos de diversos países, psicólogos e outros investigadores e que evidenciam a presença de um ser imaterial, presidindo o corpo humano.
Centenas de doentes que sobreviveram à morte, relataram aos investigadores as experiências que vivenciaram, no lapso de tempo em que foram considerados clinicamente mortos. Estes casos podem ser acompanhados na casuística do cardiologista Michael Sabom, dos psiquiatras, Raymond Moody Jr e Elizabeth Kübler-Ross, do pediatra Melvin Morse, e dos psicólogos Kenneth Ring e Margot Grey, além de outros. (13)
Ainda recentemente, dezembro de 2001, a conceituada revista Lancet publicou um artigo científico de autoria de uma equipe de médicos da Holanda, chefiada pelo cardiologista Pim Van Lommel, sobre a investigação de EQM (NDE), realizada em 344 pacientes que sofreram parada cardíaca e foram ressuscitados, com sucesso, em dez hospitais holandeses. Os pacientes foram entrevistados, logo nos primeiros dias, após terem tido a experiência, e acompanhados, durante um período que variou de dois a oito anos após os eventos, para a devida avaliação. Do total de sobreviventes pesquisados, 41 pacientes (12%) descreveram uma experiência profunda, com elementos que caracterizam uma EQM. A média de idade era de 62,2 anos (26 a 92), sendo que 73% eram homens. Os autores concluíram que quanto menor a idade do paciente maior a freqüência de EQM; verificaram, também, que a percentagem de ocorrência de EQM foi menor do que em outros estudos, que revelaram a incidência de 30%, provavelmente porque a média de idade, na investigação da Holanda, era muito elevada.
As pesquisas de EQM levam a muitos questionamentos: Consciência e memória estariam, realmente, localizadas no cérebro, como querem os reducionistas materialistas, ou estariam na alma e teriam, no encéfalo, o seu reflexo, o seu instrumento de expressão, conforme pensam os espiritualistas? Como poderia o paciente experimentar uma clara consciência, fora do corpo, no momento em que o cérebro é afetado por uma parada cardíaca e o eletroencefalograma mostra-se plano?!
A explicação transcendental, espiritualista, sustenta que a EQM estaria ligada a um estado alterado de consciência , durante o qual a alma se deslocaria do corpo, conservando, porém, a sua capacidade de percepção não sensorial, a sua identidade, cognição e emoção, independentemente, do corpo inconsciente. Aliás, esta é a explicação mais aceita por todos os que passaram por este tipo de experiência.
(1) in Revista Espírita, dez.1868)
(2) (La Genèse, chap. I)
(3) A Gênese, cap. I
(4) O Ponto de Mutação, p. 259
(5) Ver O Consolador, Emmanuel
(6) Comentário de Santo Agostinho a Isaías, VII, 9 : Se não crerdes não entendereis - Ver De Trinitrate, XV, ii 2-3)
(7) Prólogo de Albert Einstein ao livro de Max Planck, Aonde Vai a Ciência?
(8) Ver Intuition: A Link Between Psi and Spirituality, chapter 7
(9) A Gênese, cap. I(10) Libertação, Cap. 1, p. 18.
(11) Missionários da Luz, p. 182
(12) Ver os excelentes conceitos do livro Pensamento e Vida, de Emmanuel, 1958
(13) As informações podem ser encontradas nos livros, de Michael Sabom: Recordações da Morte (Recollections of Death); de Moody: Vida Após a Vida (Life after Life); de Elizabeth Kübler Ross: Morte: Um Amanhecer, Uma Luz que se Apaga, e outros; de Morse: Closer To The Ligh (Mais Próximo da Luz) e Transformed by Light (Transformados pela Luz); de Ring: Vida na Morte (Life at Death) e Rumo ao Ponto Ômega (Heading Toward Omega) ; de Margot Grey: Voltando da Morte.
MATÉRIA MENTAL E CO-CRIAÇÃO
O pensamento é produto da alma e não secreção do cérebro, como crêem os reducionistas materialistas. Um dos atributos do Espírito, o pensamento nasce das profundezas da reflexão mental, é constituído de partículas, derivadas da matéria elementar primitiva ou plasma divino, expressando-se também como ondas eletromagnéticas que atingem velocidades acima de 300 mil km por segundo (ondas superluminais) (superlumineux).
Aprendemos, com os Espíritos Superiores, que o Universo é um todo de forças dinâmicas, expressando o Pensamento do Criador e cada criatura é detentora de uma capacidade intrínseca - a co-criação - , inerente à faculdade de pensar, através da qual assimila a força emanante de Deus, moldando-a, à sua vontade, e influenciando , dessa forma, a própria criação.
Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável do Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável da criatura, a constituir-se no vasto oceano de força mental em que os poderes do Espírito se manifestam. (14)
O pensamento é, assim, o alicerce vivo de todas as realizações no plano físico e extrafísico. A matéria que entra na sua constituição apresenta-se em nova escala estequiogenética, tendo por base elementos atômicos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do urânio (15),transcendendo, portanto, à Escala de Mendeleiv, isto é, o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo, formando, igualmente, o que poderíamos denominar prótons, neutrons, pósitrons, elétrons ou fotônios mentais, à falta de outra nomenclatura, uma vez que desconhecemos a natureza deste outro tipo de matéria.
Obedecem, porém, às mesmas leis da física quântica: o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos "quanta de energia" e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem freqüência e cor peculiares. (16)
O pensamento expressa-se, assim, nos mais diversos tipos de onda: desde as oscilações curtas, médias e longas, exteriorizadas pela mente humana, até os raios super-ultra-curtos, próprios dos Espíritos puros. Forças vivas e atuantes, eles têm velocidade superior à da luz e cada criatura funciona como se fosse uma estação de televisão ambulante - na verdade, muito mais avançada - podendo emiti-los e recebê-los.
Uma vez emitidos, os pensamentos voltam inevitavelmente ao próprio emissor, de forma a envolver o ser humano em suas próprias ondas de criações mentais, e, muitas vezes, podem estar acrescidos dos produtos de outros seres, que com eles se harmonizam (17)
Sendo as ondas superluminais, de que modo seriam elas decodificadas pelas células físicas? Respondendo a esta questão, os Espíritos Reveladores apontam a glândula pineal, como a glândula da vida mental; exercendo, entre outras importantes funções, a de traduzir e encaminhar à interpretação as informações transportadas pelas ondas superluminais. Aprendemos, assim, que estamos ligados em espírito com todos os encarnados ou desencarnados que pensam como pensamos, tão mais estreitamente quão mais estreita a distância entre nós e eles, isto é, quanto mais intimamente estejamos conjugando a atmosfera mental uns dos outros, independentemente de fatores espaciais.(18)
Essa independência do fator espacial remete-nos ao teorema de Bell, à realidade "não local". Trabalhando em Genebra, no CERN, nos anos 1960, John Bell, físico britânico, mostrou que duas partículas permanecem um todo, mesmo após terem sido separadas a longas distâncias, quando uma delas faz um movimento em uma determinada direção, a outra, ao mesmo tempo, gira na mesma direção, em sincronização perfeita.
Em 1982, Alain Aspect e colegas demonstraram, experimentalmente, essa influência de modo que, qualquer teoria, atual ou futura, para ser consistente terá que conter esse tipo de influência não local para explicar a realidade.
Embora cientistas respeitáveis, como John Barrow (19), lembrem que não há maneira de a informação ser transmitida entre as partículas com uma velocidade superior à da luz e que o elemento não causal da realidade quântica não pode ser aplicado ao caso da percepção extra-sensorial, cremos que as evidências científicas do Mundo Espiritual, constatadas em pesquisas realizadas por cientistas do porte de William Crookes, Alfred Russel Wallace, Oliver Lodge, Aksakof, Ernesto Bozzano, além de outros, no âmbito da Parapsicologia, são igualmente válidas e não deixam dúvidas de que essa mesma lei pode ser aplicada a todas as dimensões ou escalas, que se desdobram no espaço e no tempo, unindo os campos físico e extra-físico em uma só rede ou totalidade integrada.
Roger Penrose, do Mathematical Institute de Oxford, Reino Unido, afirma que "nossos cérebros agem não-computacionalmente, quando nos dedicamos a processos de pensamento consciente" (20). Para explicar sua convicção, Penrose lembra que existem dois níveis distintos de fenômenos físicos: de um lado, o nível quântico em pequena escala, onde partículas, átomos, ou mesmo moléculas podem existir em estranhas superposições quânticas, como nos foi demonstrado pelo teorema de Bell; de outro lado, o nível clássico, como o de uma bolinha de golfe, por exemplo, onde não há possibilidade de superposição.
Inicialmente descrito por Erwin Schrödinger, esse fenômeno de entrelaçamento entre as partículas tem continuidade nos estudos de Penrose, que o chama de estado entrelaçado. O fato é que existe umaimportante lacuna na compreensão da física - especialmente na fronteira entre os níveis quântico e clássico, que, muito provavelmente, conforme lembra Penrose, será preenchida com a união satisfatória entre a teoria quântica e a teoria geral da relatividade de Einstein. Em sua hipótese, ele admite que as tubulinas - proteínas que formam os microtúbulos - presentes nos neurônios, ao longo dos axônios e dendritos, são importantes porque favoreceriam o que chama de não-computabilidade dos eventos conscientes. (21)
Como vemos, a ciência não pára e ainda há um campo enorme a percorrer, em todas as áreas do conhecimento humano. Relembrando Newton, tudo se passa como se estivéssemos catando conchinhas na praia, enquanto há um imenso oceano a percorrer, a enorme extensão da nossa ignorância.
[Você poderia se reportar ao fato surpreendente a que chega a interpretação dos fenômenos quânticos, admitindo a interferência da mente do observador na experiência. Vide o livro O universo autoconsciente de Amit Goswami e a p. 257 do livro Espiritismo em Movimento, onde me reporto as uma destes fantásticos experimentos, além de reportar-me ao fato de que isto também ocorre nos fenômenos paranormais].
(14) Mecanismos da Mediunidade, cap.4, p. 44
(15) Evolução em Dois mundos, cap. XIII, p. 96
(16) Mecanismos da Mediunidade, cap. 4, p. 42
(17) Veja a excelente aula sobre o assunto em Ação e Reação, cap. IV, pp 53 e 54
(18) Mecanismos da Mediunidade , cap. XII, p.86
(19) O Mundo Dentro do Mundo, cap. 3 , pp 208 a 210
(20) Acompanhe a conf. de Penrose em "O Que é Vida" 50 Anos Depois, cap. 9, p.138 a 140
(21) Ver também o livro de Roger Penrose: O Grande, o Pequeno e a Mente Humana
CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO
O Ser Humano é constituído de Alma, Corpo Físico e Corpos sutis; é, portanto, muito mais complexo do que se consegue visualizar a olho desarmado ou através da tecnologia médica existente.
Para detectar a matéria que entra na constituição de todos os envoltórios, inclusive a do corpo orgânico, a Física terá que avançar muito mais em suas pesquisas, tendo em vista que a Revelação Espiritual afirma que o Universo é inteiramente banhado por Fluido Cósmico (matéria elementar) ou Hálito Divino; o elétron é também partícula dissociável e a matéria física, mesmo a mais pesada e volumosa, é constituída de "luz coagulada".
Os Instrutores Espirituais afirmam ainda que enxergamos apenas uma oitava parte do que acontece ao nosso redor, o que nos dá idéia do quanto a Ciência terá que avançar para descobrir as múltiplas dimensões da vida e o tipo de "matéria" que entra na constituição de cada uma delas, o que significa decifrar os múltiplos arranjos ou modos de "coagulação" da luz, que entram na formação das partículas dessas diferentes dimensões (22).
Em 1975, os físicos norte-americanos, Bob Toben e Fred Alan Wolf , no livro Space Time and Beyond , enunciaram um postulado muito semelhante ao revelado: "a matéria não é nada mais do que luz capturada gravitacionalmente" (23). Esperamos que a constatação e os desdobramentos dessa verdade nos levem a mais amplas conquistas no campo espiritual.
Nada nos foi revelado quanto à constituição do Princípio Espiritual; sabemos, porém, que ele conclui o primeiro estágio evolutivo, após passar, ao longo da escala filogenética, pelo crisol de bilhões de anos de experiências, animando desde seres unicelulares aos pluricelulares, até completar a construção do corpo humano e dos envoltórios sutis.
Na verdade, ele já passou por um número incontável de existências, desde os seres mais simples, quando era "crisálida de consciência", até conquistar a condição humana e continuará reencarnando até atingir a condição de Espírito puro, aqueles que não mais precisam retornar através da reencarnação a mundos materiais.
O ser humano é constituído, além do corpo físico, do Espírito e de um elemento intermediário, a que Paulo de Tarso denominou de alma, e Allan Kardec, de perispírito. Uma leitura atenta da obra kardecista traz à luz o fato de que o perispírito é ele próprio formado de varias camadas, como aliás também assinala o Espírito André Luiz (24). De fato, quanto ao perispírito (em sentido amplo) ou corpo espiritual, as revelações confluem para um modelo composto de camadas, tipo "cebola". Neste seu modelo de "cebola", ele engloba vários corpos, como o vital (duplo etérico), o astral, o mental e o causal.
O corpo causal, que integra o perispírito, é constituído da roupa imunda, tecida por nossas mãos nas experiências anteriores (25), quer dizer, nele estão registrados todos os nossos pensamentos e ações de vidas passadas. Para os hindus, ele seria o kâranakosha (corpo causal) ou anandamaykosha (corpo de bem-aventurança), o corpo de luz, denominação esta mais apropriada a seu estágio de maior depuração (26).
O corpo mental é conceituado como "o envoltório sutil da mente" (27). As referências feitas a este corpo mental ainda são poucas, mas os Orientadores Espirituais entreabrem um campo muito grande, ao recomendarem que se considerem válidos os estudos já realizados por outras escolas espiritualistas a respeito dele.
O corpo astral é constituído de uma estrutura eletromagnética, formada de elétrons e fotons, iguais aos que integram o corpo físico, porém, "em outras características vibratórias" (28). Ainda sobre ele, resumimos as informações de Emmanuel, o Espírito Guia de Chico Xavier, que constam do livro Roteiro (29):
1) é ainda um corpo organizado, molde fundamental da existência para o homem 2) subsiste após a morte física, ocupando, no mundo espiritual, região própria, dependendo do seu peso específico; 3) é formado por substâncias químicas que obedecem a uma escala periódica de elementos, semelhante à de Mendeleiv, mas em outra faixa vibratória; 4) modifica-se sob o comando do pensamento; 5) encontra-se submetido às leis de gravidade, no plano em que está.
O corpo vital ou duplo etérico é o mais grosseiro de todos e tende a desaparecer com a morte física. Sem o fluido vital, não há como explicar a complexidade da célula viva. Este corpo é exteriorizável em parte como podemos verificar nos experimentos de materialização e na transmissão de passes magnéticos. Ele é "formado por emanações neuropsíquicas que pertencem ao campo fisiológico e, que, por isso mesmo, não consegue maior afastamento da organização terrestre, destinando-se à desintegração, tanto quanto ocorre ao instrumento carnal, por ocasião da morte renovadora" (30).
Certamente, em face da sua natureza física, apesar de conservar-se, em geral, invisível, não é possível o afastamento do duplo além de uma distância de dez metros sem que isto venha a determinar a morte do sensitivo.
As escolas vitalista e mecanicista co-existiram, durante muitos séculos, e ainda estão presentes, no campo científico e filosófico; a primeira, preconizando a existência de uma "substância" essencial ao funcionamento das células dos seres vivos; a segunda reduzindo tudo às propriedades do quimismo celular.
Embora a maioria dos cientistas esteja convicta de que a vida se restringe a um mero jogo de forças físico-químicas, este paradigma não explica a extraordinária complexidade da filogênese e da ontogênese, nem inúmeros outros fenômenos de ordem mental e psíquica da vida humana. Com o devido respeito às teorias vigentes, ousamos dizer que o vitalismo permanecerá como um dos fundamentos do ser vivo. Reestruturado em novas bases, vai se tornar, para a biologia, uma idéia recorrente, assim como o éter o é para a física; e ousamos dizer mais, ele vai se implantar, definitivamente, devido à extrema dificuldade de se explicar a complexidade do ser vivo, sem os campos informacionais imateriais, que fazem parte intrínseca dele.
A ciência estabelecida não aceita o vitalismo, mas há cientistas que o defendem, não mais na concepção antiga, mas tendo por base os campos informacionais imateriais modeladores da matéria viva, entre eles, Harold de Saxton-Burr, Hernani Guimarães Andrade e Rupert Sheldrake, fundamentados em protocolos de pesquisa bem elaborados e nos excelentes resultados práticos obtidos, que estão à disposição dos interessados na produção desses autores (31).
Todos estes corpos espirituais possuem numerosos Centros de Força ou Chacras, dos quais destacamos o Coronário, Cerebral, Laríngeo, Cardíaco, Esplênico, Gástrico, Genésico, todos eles com funções específicas dentro da economia orgânica. Chamamos a atenção para o fato de que, na enumeração dos sete centros maiores, os autores costumam diferenciar o básico (ou fundamental) do genésico, omitindo o esplênico, e até reunirem os centros cerebral e coronário em um só. Isto não significa que eles existam ou deixem de existir, à vontade dos autores ou das escolas espiritualistas, mas, sim, que se inclinam a enumerar aqueles que mais importam para o desenvolvimento espiritual que descrevem, ou a reunirem em seus estudos centros psíquicos vizinhos e que se influenciam diretamente.
À medida que cresce espiritualmente, o Espírito depura a sua "veste nupcial", a sua túnica de apresentação, representada por seus vários envoltórios, adequada ao plano em que estagia.
(22) Essas revelações espirituais vieram através do médium Francisco C. Xavier, mais particularmente, de 1943 a 1968, e constam dos livros: Os Mensageiros, cap. XV, (1944); Evolução em Dois Mundos, cap.III (1958); E a Vida Continua..., cap.9 (1968). Nestes dois últimos, Chico Xavier teve a colaboração do então médium, Waldo Vieira.
(23) Ver Space, Time and Beyond, 1987, pp. 47 e 146
(24) Ver O Livro dos Espíritos, ítem 257. Vide a análise feita por Elzio Ferreira de Souza, no artigo, Perispírito e Chacras, in Saúde e Espiritismo, pp. 36-39 ("Corpos espirituais na obra de Allan Kardec").
(25) Nosso Lar, cap. 12
(26) Ver artigo de Elzio Ferreira de Souza Perispírito e Chacras, p. 46, in Saúde e Espiritismo.
(27) Evolução em Dois Mundos, cap. II.p.25
(28) Missionários da Luz, cap 9
(29) Roteiro, cap. 6, p.29 a 31
(30) Ver Allan Kardec, A Gênese , cap. X. O texto citado é extraído do livro de André Luiz - Nos Domínios da Mediunidade, cap. XI
(31) Destacamos de Hernani Guimarães Andrade: o artigo Campo Biomagnético, in Saúde e Espiritismo; e os livros: Morte, Renascimento; Evolução, Espírito, Perispírito e Alma; Psiquântico; de Rupert Sheldrake: O Renascimento da Natureza e Seven Experiments that could change the world .
ETIOPATOGENIAS X LEI DE AÇÃO E REAÇÃO
Nos envoltórios sutis, reside a verdadeira causa das doenças. Somos herdeiros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto más. O Carma ou "conta do destino criada por nós mesmos" está impresso no corpo causal (32). Estes registros fluem para os demais corpos e terminam determinando o equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais e físicos.
Nem todas os desequilíbrios físicos, porém, são originários de contas cármicas (passadas); embora reflitam o estado espiritual do indivíduo, são gerados pela sua conduta atual. Os vícios da mente, conhecidos como egoísmo, orgulho, vaidade, tirania, preguiça, etc, se constituem em causas de múltiplas doenças, porque se constituem no móvel de nossas ações (33)
Quando forem descobertas as tecnologias que nos possibilitarão o exame aprofundado do perispírito a Medicina mudará radicalmente, porque trabalharemos muito mais de forma preventiva, evitando-se, assim, as intervenções cirúrgicas alargadas, invasivas, realizadas ainda hoje, muito embora, os grandes progressos já alcançados, nas últimas décadas.
Os médicos terão oportunidade de conhecer, com detalhes, a fisiologia transdimensional, compreendendo melhor o modo como se embricam os vários envoltórios, nas chamadas sinergias, para melhor auxiliar na manutenção da higidez mento-física de seus pacientes.
Vamos dar alguns exemplos práticos, correlacionando doenças congênitas ou da primeira infância com a desarmonia dos corpos sutis, seguindo informações de André Luiz, médico e pesquisador, desencarnado na década 1930, no Rio de Janeiro (34).
Se a pessoa suicidou-se, na vida anterior, por envenenamento, ao tomar um novo corpo físico, poderá ser portador de afecções valvulares, hemopatias diversas, como a leucemia, por exemplo, ou outras doenças similares.
Se incendiou o próprio corpo, na existência posterior, poderá apresentar dermatoses mais ou menos extensas, de difícil cura ou tratamento , como o Pênfigo Foliáceo e a Ictiose.
Se empregou no suicídio água ou gás, poderá renascer com problemas nas vias respiratórias, tais como, Enfisema e Cistos pulmonares.
Se a causa foi o enforcamento, a conseqüência posterior poderá ser a Paralisia Cerebral Infantil ou Neoplasias diversas.
Se estilhaçou o próprio crânio, sofrerá os reflexos, depois, apresentando doenças como : Hidrocefalia, Síndrome de Down, Deficiência Mental, Encefalite, Epilepsia.
Se eliminou o corpo precipitando-se de grandes alturas, poderá ter , depois, males como Osteíte Difusa, Distrofia Muscular Progressiva, etc.
Praticamente todas as moléstias têm suas raízes no perispírito. Ainda que esteja aparentemente saudável, uma pessoa pode trazer, em seus Centros de Força ou Chacras, disfunções latentes, adquiridas nesta ou em outras vidas, que, mais cedo ou mais tarde, surgirão à tona no corpo físico, sob a forma de doenças mais ou menos graves, conforme a extensão da lesão e a posição mental do devedor.
O Prof. Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia, EUA, apresenta nos dois volumes do livro Reincarnation and Biology, entre os 2.600 casos pesquisados, os de marcas de nascença e defeitos congênitos, elucidando-os com o estudo das vidas passadas.
(32) Recomendamos o livro Ação e Reação (1957), todo ele dedicado ao estudo do Carma e das vidas sucessivas
(33) Entre a Terra e o Céu (1954), cap. XXI
(34) Evolução em Dois Mundos, cap. XVII, 2ª parte)
ANAMNESE
Os procedimentos realizados por médicos desencarnados, nas dimensões mais evoluídas da Vida Espiritual, baseiam-se em uma anamnese muito mais ampla e completa do que a realizada, habitualmente, nos hospitais, institutos de saúde e consultórios terrenos. Fazem parte dela: a Ficha de Identificação completa do Paciente que engloba a sua História Atual, a Ficha Cármica e a Projeção Individual de Reminiscências, bem como a anotação dos Complexos de Culpa; a Análise dos Membros da Família; a Anamnese Psicológica Detalhada, complementada pela Análise Mental, que é a capacidade do terapeuta de proceder à leitura dos pensamentos, pela simples observação visual do cérebro em funcionamento (35)
Na Medicina do Além, as informações do paciente são gravadas e filmadas (36) para serem estudadas, pela equipe de saúde, em qualquer tempo. Dificilmente encontramos na Medicina terrestre, mesmo nos centros mais avançados, equipados com computadores altamente sofisticados, a junção de todos os dados do paciente, em um único arquivo, dentro de uma visão integral do ser. Raramente, constam o tratamento e o estudo dos aspectos psicológicos, sem falar nos espirituais que não são nem mesmo cogitados. Em meu país, as informações das diversas especialidades ainda permanecem em compartimentos separados, do mesmo modo como o ser humano é dividido em partes, muito longe da sua totalidade integrada.
Há, agora, neste início do século XXI, a tentativa de se introduzir no currículo médico o Paradigma do Ser Integral, o que já é realidade em algumas Escolas, mas, infelizmente, ainda não é tão abrangente que permita considerar a ação prioritária do Espírito.
(35) Maiores informações nos livros da Coletânea André Luiz: Evolução em dois Mundos (cap. XIX), Entre a Terra e o Céu (cap. III e XIII); Sexo e Destino ( cap. II)
(36) Mais detalhes no livro E Vida Continua..., cap. 10
TERAPIAS E RECURSOS TERAPÊUTICOS
No exercício da medicina, o médico espírita utiliza-se de todas as terapias que aprendeu, em sua formação universitária, e nos vários cursos de aperfeiçoamento e reciclagem realizados; se é cirurgião, utiliza as técnicas convencionais das diversas especialidades, procurando, tanto quanto possível, atualizar-se.
Vale-se dos medicamentos alopatas, quando indicados, mas, dentro de sua visão mais ampla, recorre também aos fitoterápicos e aos recursos terapêuticos da Homeopatia - muitos aperfeiçoam-se nesta especialidade - e da Acupuntura, visando restaurar a estrutura eletromagnética do corpo espiritual, com maior estímulo à circulação e harmonização da energia vital.
Tanto quanto possível, utiliza também a Terapia Complementar Espírita, desde que aceita espontaneamente pelo paciente, e que é ministrada, gratuitamente, à população na imensa maioria das Instituições que praticam o Espiritismo. Fazem parte desta Terapêutica Complementar: a Prece, a Meditação, os serviços de desobsessão nos grupos mediúnicos, o desenvolvimento da Mediunidade quando recomendável, a Fluidoterapia, com a doação da energia vital nos Passes e na Água Fluidificada, o crescimento interior, estimulando-se o paciente ao autoconhecimento, ao desenvolvimento de suas potencialidades espirituais, com ênfase na Reforma Interior, ponto básico para o aperfeiçoamento espiritual.
As chamadas cirurgias espirituais também fazem parte do que entendemos como emprego da energia vital na restauração física; cremos, no entanto, que elas se prestam à ação de muitos charlatães e pessoas inescrupulosas, por isso, adotamos critérios éticos fundamentais para aceitá-las: como no exercício das demais faculdades mediúnicas, os médiuns não devem cobrar absolutamente nada pela aplicação dos dons que lhe foram conferidos por Deus, nem devem utilizar-se, na prática mediúnica, de instrumentos cirúrgicos ou objetos cortantes.
Como vimos, o médico espírita enfatiza a Promoção do Auto-Encontro. O paciente é encorajado ao autoconhecimento, ponto essencial do tratamento, porque toda cura, seja ela em que nível for - orgânico, psicológico, mental ou espiritual - na verdade, é uma auto-cura. O médico e o médium são meros instrumentos.
Nos Hospitais e Institutos diversificados, existentes no Além, tendo em vista o alto poder da mente, toda conversação é realizada de modo a transmitir ao paciente total encorajamento à saúde; os médicos espirituais contam também, no exercício de suas funções, com aparelhos sofisticados, ainda desconhecidos no plano terrestre, como os que permitem o registro de pensamentos, o que favorece, sensivelmente, o exercício de uma medicina de excelente qualidade.
Sabemos que as atitudes mentais enraizadas não se modificam facilmente, com a morte; os médicos desencarnados valem-se, muitas vezes, das chamadas cirurgias psíquicas que envolvem adestramento mental e espiritual adequados. Assim procedem porque a mente, tanto quanto o corpo físico, pode e deve sofrer intervenções para reequilibrar-se. Mais tarde, segundo ensinam, a Medicina terrestre evoluirá para a prática deste tipo de cirurgia, tanto quanto hoje vai avançando em técnica operatória, para aliviar o corpo físico; desentranhará, então, um labirinto mental, com a mesma facilidade com que atualmente extrai um apêndice condenado (37).
Desde longa data, o sono hipnótico é largamente empregado no Além, enquanto que, na Terra, somente no século XIX, conhecemos seus efeitos. De Puysegur foi dos primeiros magnetistas a conversar com o paciente noutro estado consciencial que não o comum, abrindo campo aos psiquiatras e psicólogos para conhecerem melhor o mundo mental de seus pacientes, inaugurando caminhos para a Psicologia Transpessoal.
O Diálogo Terapêutico também é prática corriqueira das equipes de saúde do Além, visando a cura e o bem-estar do paciente; ele é conduzido, muitas vezes, pelos próprios familiares, que se integram ao trabalho, para ouvir as queixas, dúvidas e receios do parente mais necessitado, recém-desencarnado ou não, com dificuldades de adaptação à vida no Além (38). Atualmente também entre nós, vai se reconhecendo o valor da palavra e do ambiente nos processos de cura.
Em busca da saúde, o médico espírita reconhece o valor dos vários procedimentos analíticos, propostos pelas mais diferentes escolas de psicologia profunda, porém enfatiza mais a contribuição da Psicologia Transpessoal e da Terapia por Regressão de Memória, que consideram os conteúdos psicológicos que vêm à tona nos estados alterados de consciência, inclusive os de existências anteriores. Ao lado disto, estuda e procura tratar as obsessões ou influências negativas que o Plano Espiritual inferior pode exercer sobre a humanidade encarnada, buscando, na condução do tratamento, a cooperação das instituições espíritas, que têm mais traquejo com as chamadas sessões de desobsessão.
A ciência avança para o reconhecimento de fatores até agora desprezados na cura das doenças e no equilíbrio psicofísico do indivíduo. Experiências recentes realizadas pelo neurocientista, Andrew Newberg, da Universidade de Pensilvânia, nos EUA, revelaram imagens do cérebro, durante o estado de vigília e de meditação, através do SPECT, aparelho baseado na emissão de pósitrons. Comparando-se com o estado de vigília, observa-se, durante a meditação, aumento das atividades dos lobos frontais, enquanto os parietais sofrem rebaixamento de funções, indicando maior amplitude das atividades inconscientes e uma diminuição do contato com o mundo exterior (39)
Hoje, já temos igualmente centenas de trabalhos publicados em revistas científicas sobre o valor da prece na terapêutica. Pesquisa recente, de maio de 2002, no site do National Institute of Health (NIH), dos Estados Unidos, revelou a existência de 23.441 citações para a palavra prece, publicadas em revistas médicas conceituadas, como The Lancet, New England Journal of Medicine; British Medical Journal, JAMA, etc. (40).
Desde 1989, o pesquisador Massaro Emoto investiga a água e seus cristais, procurando detectar a influência das vibrações humanas sobre eles. Durante oito anos, coletou água de várias partes do mundo, levando-a ao estado de congelação, observando os cristais formados com o auxílio de um microscópio de campo escuro que permitia fotografá-los para estudo. Chegou à conclusão de que pensamentos, palavras, tanto faladas quanto escritas, e atos têm influência decisiva sobre as moléculas de água. Publicou os seus estudos no livro, Messages from the Water, com cerca de 200 fotos, que mostram clusters (cristais perfeitos) ou outras formações desestruturadas, conforme a influência dos pensamentos e sentimentos humanos. Assim, descobriu que as palavras "Amor e Gratidão" formam os mais belos cristais, semelhantes a jóias, enquanto que palavras de ódio, tanto escritas, quanto faladas, do mesmo modo que a invocação de personalidades maléficas geram moléculas feias e desestruturadas. Em uma de suas coletas, verificou que a água, submetida a orações e bons pensamentos, captou essas vibrações positivas que se refletiram em belos cristais.
Tanto as experiências de Newberg, quanto as de Massaro Emoto vêm confirmar o valor da Terapêutica Complementar Espírita que utiliza a Oração e a Água energizada, positivamente, no tratamento dos pacientes.
(37) Entre a Terra e o Céu, CAP. XIII
(38) (NMM, cap. IV, MM, cap XXI)
(39) Site Andrew Newberg:
(40): Dados do PubMed, www.ncbi.nlm.nih.gov, do NIH.
CURA E ESPIRITUALIDADE
O paradigma médico-espírita estabelece, do mesmo modo que o taoísta, que o indivíduo é responsável por sua saúde, enfatizando que "toda medicina honesta é serviço de amor, atividade de socorro justo; mas o trabalho de cura é peculiar a cada espírito" (41). Daí a ênfase ao Auto-Encontro e ao encorajamento à saúde.
Os vícios da mente - ódio, cólera, inveja, intolerância, etc - são derivados do orgulho e do egoísmo e geram atitudes destrutivas, que produzem e sustentam desequilíbrios mais ou menos graves nos envoltórios sutis, gerando, em conseqüência, enfermidades no corpo físico.
A mente perturbada não consegue o equilíbrio, sobretudo, de sua imunidade orgânica, o que é fundamental para o acesso à saúde. E a perturbação acentua-se com a falta de conformação perante as provas retificadoras.
Por isso mesmo, o paradigma médico-espírita afirma que, nem sempre, uma única existência corporal é suficiente para a restauração dos centros perispiríticos lesados, considerando cada encarnação como uma "estação de cura", uma possibilidade de purificação.
Neste paradigma o Mestre é Jesus que "deixou no mundo o padrão da cura para o Reino de Deus. Ele proporcionava socorro ao corpo e ministrava fé à alma" (42). Inúmeras vezes, o Senhor Jesus afirmou: "A tua fé te curou", indicando o caminho para a cura verdadeira, aquela em que a sanidade não somente atinge o corpo físico, mas também opera a retificação dos núcleos psíquicos, corrigindo distorções existentes nos corpos espirituais.
Olhando um pouco para o passado recente, percebe-se que a Medicina da Alma começou a esboçar-se nos anos 1950, ganhou espaço nos 70 e firmou-se nos 90.
Em 1970, Herbert Benson iniciou seus estudos sobre mentalização ou técnica de meditação na Harvard Medical School, apoiado por seu Diretor e criticado pela maioria dos colegas, mas não se abalou. Como resultado de suas pesquisas, publicou nessa mesma década, o livro A Resposta do Relaxamento, explicando a técnica que utiliza, no tratamento de doentes hipertensos e portadores de outras afecções, na qual emprega meditação e respiração combinadas.
Desde então, vem auxiliando colegas, inconformados com o modelo materialista reducionista, favorecendo-os com a formação na área de pós-graduação em Medicina e Espiritualidade. Em 1996, lançou seu livro mais recente - Medicina Espiritual (publicado em colaboração com Marg Stark), no qual afirma com convicção: ".... em meus 30 anos de prática da medicina nenhuma força curativa é mais impressionante ou mais universalmente acessível do que o poder do indivíduo de cuidar de si e de se curar." E acentua: "Os anelos da alma - a fé, a esperança e o amor - são eternos, inclinações naturais que o pensamento ocidental moderno reprimiu, mas jamais subjugou." (43)
Richard Friedman, Ph.D., companheiro de Benson no Mind/Body Medical Institute da Escola de Medicina de Harvard e do Beth Israel Deconess Medical Center, foi também responsável pela abertura de caminhos para o estudo científico da relação entre crença e cura, valendo-se dos mais confiáveis métodos de avaliação de pesquisa. Falecido, repentinamente, em 17 de agosto de 97, a ele foi dedicado o livro Scientific Research on Spirituality and Health, publicado pelo National Institute for Healthcare Research - fruto de painéis realizados por cerca de 70 profissionais, Friedman entre eles, sendo a maioria médicos e psicólogos, preocupados com a pesquisa científica em Espiritualidade e Saúde. Lê-se nesta obra, publicada em outubro de 97, que "o uso contemporâneo do termo Espiritualidade separado da religião tem uma história surpreendentemente curta": surgiu na década de 90, como fruto de "conhecimento humano e eventos histórico-culturais". As religiões - em sua maioria - obedecem a padrões rígidos, são "formalmente estruturadas", podendo, de certa forma, inibir o potencial humano; já o termo espiritual é reservado ao lado mais elevado e sublime da vida, cultivado pelas pessoas, independentemente, de pertencerem ou não a uma dada religião (44).
Outra equipe importante é a do dr. William R Miller, prof de Psicologia e Psiquiatria da Universidade do Novo México, PhD em Clínica Psicológica pela Universidade de Oregon, e Diretor de Pesquisa do UNM's - Centro de Alcoolismo e Abuso de substância química. Em seu livro, Integrating Spirituality into Treatment, Miller e seus colegas abordam temas importantes como Treinamento Profissional em Espiritualidade.
(41) Nosso Lar, p.40
(42) Os Mensageiros, p. 74
(43) Medicina Espiritual, cap. 1
(44) Ver Scientific Research on Spirituality and Health, discussão quanto ao termo Espiritualidade.
REENCARNAÇÃO, LEI BIOLÓGICA NATURAL
O princípio da reencarnação é uma conseqüência natural da lei do progresso porque, com os retornos sucessivos ao plano físico, o Espírito consegue alcançar a perfeição. Desde o seu estágio nos seres unicelulares, até o momento em que deu seus primeiros passos humanos no Planeta, o princípio espiritual percorreu um longo caminho, construindo seus próprios envoltórios, os sutis e o mais denso; mas ainda tem muito que caminhar, até chegar ao estágio conhecido no mundo cristão como angelitude. Embora tenha adquirido faculdades intelectuais muito desenvolvidas, suas conquistas no campo do sentimento são ainda muito insatisfatórias, situando-o mais próximo de sua natureza animal, com o predomínio do egoísmo, em suas atitudes.
Só a conquista do Amor universal, condensando a caridade no seu conceito mais amplo, poderá libertar o ser humano dos grilhões da carne e fazê-lo feliz.
No século XX, tivemos importantes pesquisadores da reencarnação. Recordemos os nomes de alguns destes pioneiros.
Hamendras Nath Banerjee, Prof. da Universidade de Rajastan, na Índia, investigou cerca de 1000 casos de reencarnação, tanto em seu país, como nos EUA, contribuindo com seus trabalhos pioneiros para que ela fosse inserida no campo da pesquisa científica.
O engenheiro Hernani Guimarães Andrade, no Brasil, pesquisou 75 casos de reencarnação, publicando oito deles no livro Reencarnação no Brasil e um em Renasceu por Amor (ou O Retorno do padre Jonathan).
Ian Stevenson , professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia, EUA, tem cerca de 2600 casos pesquisados, em vários países. Depois de publicar Vinte casos sugestivos de Reencarnação e Cases of Reincarnation Type em 4 (quatro) volumes, em que coletou expressivos casos em diferentes países, lançou, em 1997, dois alentados volumes, cerca de 2.300 páginas, Reincarnation and Biology, abordando, especialmente, "Marcas de Nascença" e "Defeitos Congênitos", os quais vão influir muitíssimo, em futuro próximo, nos novos rumos a serem seguidos pela Ciência Médica. Esta importante obra merece um estudo aprofundado de todos os que se interessam em saber qual o verdadeiro significado da vida na Terra. Lamentamos não poder comentá-la, aqui, mas fica o registro para todos os que desejam aprofundar-se no assunto.
Todos esses trabalhos estão a merecer exames apurados por parte dos que fazem Ciência, para que esta não se restrinja aos acanhados compartimentos reducionistas, incapaz de alçar vôos mais altos.
Com os Espíritos Instrutores, no século XX, obtivemos informações detalhadas e únicas em todo o mundo, com relação ao processo reencarnatório. Dada a impossibilidade de descrevê-lo aqui, recomendamos os livros Missionários da Luz e Entre a Terra e o Céu, de André Luiz, oferecendo, muito resumidamente, alguns dados sobre este importante processo: um laço do perispírito liga o reencarnante ao óvulo e, a partir da fecundação, ele recomeça a nova existência; do zigoto ao feto, o ser parte de uma única célula, para a extraordinária complexidade multicelular do recém-nascido, passando nas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário por todas as etapas principais que atravessou, ao longo da filogênese, repetindo-as: ser unicelular, peixe, anfíbio, réptil, ave, e, finalmente, mamífero superior. Este fenômeno de recapitulação, para o qual os cientistas não têm uma explicação satisfatória, pode ser compreendido se se admite que algo vinculado ao ser vivo conservou a memória de toda a sua história pregressa e repete-a, de forma resumida, durante a ontogênese. Esse algo, é o modelo organizador biológico (MOB), uma das funções do perispírito. Este, para retornar à Terra, necessita deixar a "matéria" do mundo espiritual, tornando-se mais maleável, adquirindo maior plasticidade. Para a reencarnação, dizem os Instrutores, basta o magnetismo dos pais associado ao forte desejo do Espírito reencarnante (45); este, uma vez ligado ao óvulo, por laços perispirituais, inicia, na concepção, a modelagem do novo corpo, promovendo, automaticamente, através do MOB, a recapitulação das várias fases pelas quais passou na filogênese, adaptando-se, paulatinamente, à matéria física (46).
(45) Ver Entre a Terra e o Céu, cap. 27
(46) Missionários da Luz, cap. XIII e ver também Espírito Perispírito e Alma de Hernani G. Andrade
OS TRÊS CÉREBROS
Como vimos, o princípio espiritual construiu o corpo humano e seus envoltórios ao longo de bilhões de anos de evolução:
"Desde a ameba, na tépida água do mar, até o homem, vimos lutando, aprendendo e selecionando..." (47)
Foi uma longa caminhada:
"Quantos séculos consumiu (o princípio espiritual) revestindo formas monstruosas, aprimorando-se, aqui e ali, ajudado pela interferência indireta das Inteligências superiores?"
"Acolheu-se no seio tépido das águas; através dos organismos celulares, que se mantinham e se multiplicavam por cissiparidade. Em milhares de anos, fez longa viagem na esponja, passando a dominar células autônomas, impondo-lhes o espírito de obediência e de coletividade, na organização primordial dos músculos. Experimentou longo tempo, antes de ensaiar os alicerces do aparelho nervoso, na medusa, no verme, no batráquio, arrastando-se para emergir do fundo escuro e lodoso das águas, de modo a encetar as experiências primeiras, ao sol do meridiano" (48).
Na descrição dos Amigos Espirituais, "viajou de simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão". E nesta viagem fantástica, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana, construiu o cérebro, órgão sagrado de manifestação da mente.
Segundo essas revelações, publicadas no ano de 1947, o cérebro, no homem, evoluiu de modo a constituir-se, em um castelo de três andares, que tem nos lobos frontais, no córtex motor e na medula espinhal, elementos importantes de cada uma dessas estruturas. Trata-se de um único cérebro que se divide, porém, em três regiões distintas (49). No primeiro andar, está o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos; onde moram hábitos e automatismos. É a sede do Subconsciente. Armazém do passado, localiza-se, aí, o porão da individualidade, onde são arquivadas todas as experiências e registados os menores fatos da vida.
No segundo andar, está a sede das conquistas atuais, representada pelo córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos. Nele, localiza-se o Consciente, a possibilidade de manifestação do ser, no atual momento evolutivo, contando, para isso, com duas ferramentas fundamentais - o esforço e a vontade.
No terceiro andar, localiza-se a parte mais nobre do cérebro, representada pelos lobos frontais. Nele, configura-se o Superconsciente, através do qual chegam os estímulos do futuro, com ênfase para o ideal e a meta superior.
Este modelo é muito semelhante ao do neurocientista Paul MacLean, que assim se expressava: "Somos obrigados a olhar para nós mesmos e para o mundo através dos olhos de três mentalidades muito diferentes", referindo-se aos três cérebros que havia detectado em suas pesquisas (50). O livro de MacLean, The Triune Brain in Evolution, traz uma figura esquemática sobre a evolução do cérebro com a seguinte explicação do autor, em 1968: "In its evolution the human forebrain expands along the lines of three basic formations that anatomically and biochemically reflect anancestral relationship, respectively, to reptiles, early mammals, and late mammals. The three formations are labeled at the level of the forebrain that constitutes the cerebral hemispheres comprised of the telencephalon and diencephalon".
Com relação à esquizofrenia, ela tem origem em perturbações sutis do perispírito, que se traduzem, no corpo físico, em um conjunto de moléstias variáveis e, muitas vezes, indeterminadas.
Os transtornos mentais, quase na sua totalidade, começam nas conseqüências de faltas graves que o ser humano pratica, tendo por base a impaciência ou a tristeza. Uma vez instaladas no campo íntimo, essas forças desequilibrantes desintegram a harmonia mental.
Como fica a questão da Consciência, neste início do século XXI? Com os extraordinários avanços da Física Quântica, fica difícil continuar sustentando que o cérebro nos dá consciência, inteligência, e demais atributos. Sabe-se, hoje, que o observador é necessário, por que ele converte as ondas de possibilidades, os objetos quânticos, em eventos e objetos reais.
Como lembra o Prof. Amit Goswami, da Universidade de Oregon, EUA, a Física Quântica trouxe três conceitos revolucionários: "movimento descontínuo, interconectividade não-localizada e finalmente, somando-se ao conceito de causalidade ascendente da ciência newtoniana normal, o conceito da causalidade descendente - a consciência escolhendo entre as possibilidades, o evento real" (51).
Quando coloca estes três conceitos, o Prof. Goswami argumenta: "se a consciência é um fenômeno cerebral , obedece à Física Quântica, como a observação consciente de um evento pode causar o colapso da onda de possibilidades levando ao evento real que estamos vendo? A consciência em si é uma possibilidade. Possibilidade não pode causar colapso na possibilidade" (52). Foi raciocinando dessa forma que ele abandonou o pensamento materialista com o qual tinha convivido durante 45 anos e abraçou o espiritualismo.
Como bem assinalou Jean Guitton, com a física quântica: "as interpretações objetivistas e deterministas do Universo, conformes ao bom senso, não se podem manter. Que deveremos admitir no lugar delas? Que a realidade "em si" não existe; que ela depende do modo pelo qual decidimos observá-la; que as entidades elementares que a compõem podem ser uma coisa (uma onda) e ao mesmo tempo outra (uma partícula). E que, de qualquer modo, essa realidade é, num sentido profundo, indeterminada." (Deus e a Ciência, p.9)
Assim, a visão materialista do mundo desvanece-se diante dos nossos olhos.
Entramos, definitivamente, na Era do Espírito. Preparemo-nos para uma espiral vertiginosa de novas descobertas, nunca antes imaginadas por nossos espíritos imperfeitos.
O Paradigma Médico-Espírita sustenta-se, portanto, nos seguintes princípios: Imortalidade da alma e ação hegemônica e prioritária desta sobre o corpo físico e os envoltórios sutis ( corpo mental, perispírito); Poder co-criador da mente e dos pensamentos; Comunicabilidade do Espírito por meios não sensoriais, inclusive na condição de encarnado; Reencarnação, lei biológica natural que enseja aprimoramento contínuo até condição de Espírito puro; Lei de Ação e Reação que respeita o livre arbítrio e confere a cada um segundo as próprias obras; Saúde como estado de perfeita harmonia da alma; Cura como sendo autocura; Corpo físico como filtro de impurezas da alma e meio de evolução espiritual; Amor Universal como conquista máxima do ser, que enseja o estado de saúde perfeita.
A análise destes princípios nos leva a uma certeza:
"A medicina humana será muito diferente no futuro , quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias do corpo físico. Muito raramente não se encontram as afecções diretamente relacionadas com o psiquismo. Todos os órgãos são subordinados à ascendência moral. As preocupações excessivas com os sintomas patológicos aumentam as enfermidades; as grandes emoções podem curar o corpo ou aniquilá-lo." (53)
Com estes princípios, trabalham os médicos espíritas, na expectativa de implantar a Medicina da Alma, em seu duplo sentido: uma Medicina que priorize o Espírito e, ao mesmo tempo, a bondade, a solidariedade, o calor humano.
(47) e (48) Ver No Mundo Maior, cap. III e IV
(49) Ver cap. 12,16, e outros, in No Mundo Maior
(50) Citado por Carl Sagan, in Os Dragões do Eden , cap.3
(51) e (52) Entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, São Paulo, e mais a tese desenvolvida pelo prof. Goswami em seu livro "Universo Autoconsciente".
(53) Missionários da Luz, cap.12
PERSPECTIVAS DA SAÚDE NO SÉCULO XXI
Neste início do século XXI, estamos completando praticamente um século do advento da medicina científica. Antes do século XX, a Medicina estava profundamente ligada à superstição; os pacientes eram tratados, entre outras coisas, com sanguessugas, envenenamentos, ventosas, suadores, purgantes, congelamentos, aquecimentos, e, não raro, aconselhados a fazer uso de esterco de crocodilo, esperma de sapo, pó de pedra,etc.
Com o extraordinário avanço científico-tecnológico do século XX, o ensino e a prática da Medicina tornaram-se irreconhecíveis para qualquer habitante do passado, já que são inacreditáveis para nós mesmos, os contemporâneos. Seria impensável, por exemplo, para os habitantes do século XIX o extraordinário feito anunciado, em junho de 2.000 e fevereiro de 2001, quando cientistas de vanguarda entregaram à humanidade o mapeamento de cerca de 3 bilhões e duzentos milhões de bases nitrogenadas e o cálculo estimado de 30 mil genes do genoma humano. E mais difícil ainda pensar na continuidade dessas pesquisas que estão tentando desvendar o total de proteínas do corpo humano e a intrincada ligação gene-proteína, na intimidade das moléculas, em escala inacreditável de bilionésimos de metro - os nanos (números de nove casas depois da vírgula). E vem muito mais por aí...
Vamos levantar, aqui, alguns estudos e linhas de pesquisa que estão sendo feitos, em determinadas áreas da saúde, procurando analisá-los à luz do Paradigma Médico-Espírita.
VACINAS
Até a década 1970, os pesquisadores só estavam familiarizados com o sistema imunológico humoral, assentado em anticorpos que saem à caça de partículas portadoras de doença e as destroem antes que elas invadam as células do organismo. Mas o organismo tem uma segunda linha de defesa, o "celular". Em 1966, dois microbiologistas - Peter Doherty, da Áustrália, e Rolf Zinkernagem, da Suíça - ganharam o Prêmio Nobel por terem descoberto como esse sistema imunológico "celular" funciona. Em seus fundamentos estão as células T matadoras, que saem à caça de células do organismo que já foram infectadas por um agente patogênico, destruindo-as e impedindo, dessa forma, que a doença se propague. As melhores vacinas são as que conseguem ativar essas duas linhas de defesa. Mas a verdadeira revolução tecnológica chegaria um pouco mais tarde com a produção do DNA recombinante, a técnica mais eficaz de ativar essas linhas de defesa.
Nos anos 80, biólogos moleculares descobriram um meio de reagrupar material genético, o que possibilitou a manipulação genética de microorganismos e de vacinas. Margaret Liu, médica e imunologista da Chiron Corp., empresa de biotecnologia em Emeryville, Califórnia, EUA, lançou o conceito das vacinas de DNA, em 1992. Ela chefiou uma equipe de cientistas, demostrando que, se os fragmentos de DNA que instruem uma célula para produzir um antígeno forem injetados diretamente no organismo, todas as suas células vão assumir a tarefa de produzir a substância - e tais antígenos podem causar uma enérgica reação das células T matadoras.
A manipulação genética traz uma nova esperança, a de superar um dos maiores problemas da criação de vacinas, o fato de os agentes patogênicos corriqueiros sofrerem mutações rápidas, dificultando o desenvolvimento de uma vacina capaz de enfrentar o mutante.
Graças a essa tecnologia, pesquisadores da Universidade Rockefeller e da Siga Pharmaceuticals Inc., criaram uma vacina nasal contra estreptococos e pneumococos que infectam milhões de pessoas não só nos EUA, mas no mundo todo.
Também com a utilização dessa técnica têm surgido, experimentalmente, vacinas contra a AIDS. O método fundamental contra o HIV e outros agentes patogênicos que penetram no organismo através das vias respiratória, digestiva ou reprodutiva, é o que estimula a "imunidade das mucosas". É a chamada vacina das mucosas, como a nasal, já citada.
Enquanto as vacinas tradicionais atuam na corrente sangüínea, provocando a reação imunológica depois que o organismo foi infectado, as vacinas das mucosas, são aplicadas com spray, e podem evitar sumariamente a nfecção, estimulando células imunológicas que vivem no nariz, boca e vias genitais. Essas vacinas experimentais para mucosas estão se revelando promissoras contra aids, gripe, estreptococos, herpes e clamídia.
Contra o HIV há dezenas de vacinas em experiência. Os primeiros testes começaram em 1987, e mais de 40 estudos foram feitos, desde então, mas os progressos esbarram na extrema facilidade de mutação do vírus, por isso, as vacinas mais promissoras são as que adotam mais de um método para estimular a reação imunológica. Em 2000, Dan Barouch, da Escola de Medicina de Harvard) , e , em 2001, Harriet Robinson, do Centro de Vacinas Emory (EUA), apresentaram estudos acerca de vacinas contra Aids, que estimulam a resposta de células T (de defesa), as mesmas que parecem controlar os sintomas no caso do desenvolvimento da doença. É possível que as vacinas venham a ser usadas como tratamento em conjunto com as drogas anti-retrovirais, possibilitando a diminuição na quantidade destas. Elas seriam usadas no início do tratamento para manter a carga viral baixa (54). Segundo Anthony S Fauci, pesquisador da Aids, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid) , de Bethesda, EUA, que coordena 9 dos 17 projetos de vacina contra o HIV: "Não vamos ter a vacina perfeita para Aids no próximo ano nem no seguinte, mas teremos ao menos em parte eficazes dentro de uma década".
PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS X CONDUTA
O empenho desses cientistas, remete-nos a uma das afirmações dos Mentores Espirituais:
"A medicina inventará mil modos de auxiliar o corpo atingido em seu equilíbrio interno; por essa tarefa edificante, ela nos merecerá sempre sincera admiração e fervente amor, entretanto, compete a nós outros praticar a medicina da alma, que ampare o espírito enleado nas sombras..." (56)
(56) No Mundo Maior, cap.
Certamente, toda a humanidade se beneficiará com as pesquisas destes abnegados cientistas que têm devotado suas vidas à descoberta de vacinas e medicamentos para melhorar a qualidade de vida no Planeta. A medicina, porém, progredirá sempre, e será exercida, como usualmente, de forma compatível com o desenvolvimento espiritual da humanidade.
O Paradigma Médico-Espírita lança os olhos para horizontes mais amplos, para as conquistas futuras, afirmando que é impossível chegar à verdadeira causa do processo infeccioso, sem considerar o comando da alma sobre o corpo físico.
Toda vez que o Espírito comete uma falta - entendendo-se por falta a transgressão à Lei do Amor - ele rovoca, pelo remorso conseqüente, mesmo o que irrompe de modo inconsciente, o desequilíbrio interno, desestruturando o corpo sutil ou perispírito. Surgem, então, as distonias diversas desses envoltórios sutis, e as sinergias desarticuladas entre eles e o corpo físico, adulteram as trocas vitais do organismo e provocam a ruptura da harmonia celular. Conforme sejam estas disfunções, determinadas zonas do organismo ficam mais vulneráveis, tornando-se passíveis de invasão microbiana. Desse modo, os germes patogênicos seriam uma ocorrência secundária, o verdadeiro desequilíbrio nasceria na mente depois da falta cometida ou da ação menos digna realizada.
É preciso ainda atentar para o fato de que a mente desequilibrada atrai outras que estejam na mesma faixa vibratória, sobretudo, as que se sentiram lesadas pela falta cometida, o que pode agravar, em muito, o problema. No futuro, além de vacinas e medicamentos, teremos o apoio efetivo à mente humana, para que ela consiga superar, através do trabalho construtivo, o próprio remorso e, principalmente, para que se conscientize, de que o melhor sistema de prevenção à saúde, consiste sempre na observância da lei de solidariedade e amor. (56)
(54) e (55) Ver Folha Ciência (9/3/01), Isabel Gerhardt, comentários à revista Science (9/3/2001)
(56) Instruções nos livros: Entre a Terra e o Céu, cap X, e Evolução em Dois Mundos, cap.19 e 20, 2ª parte
PROJETO GENOMA HUMANO
No fim da primeira parte do Projeto Genoma, em fevereiro de 2001, muitas suposições científicas não se confirmaram. Descobriu-se que o genoma humano tem um número baixo de genes e que o citoplasma diz ao núcleo o que fazer e não ao contrário, como se supunha.
Ao anunciar o término dos primeiros estudos, Francis Collins, Chefe do Consórcio Governamental, afirmou:
"...a complexidade do ser humano surgiu de alguma outra fonte, pela qual devemos começar a procurar".
E Craig Venter, responsável pela Celera Genomics, empresa particular que participou da pesquisa, enfatizou:
"Há duas falácias a serem evitadas: determinismo, a idéia de que todas as características de uma pessoa estão "impressas" no genoma; e o reducionismo, (a idéia) de que, agora que a seqüência humana é conhecida por completo, será apenas uma questão de tempo até que nossa compreensão das funções e das interações dos genes forneça uma descrição causal completa da variabilidade humana".
O fato é que se descobriu que temos, talvez, apenas uns 300 genes a mais que um rato e que um gene opera "escolhas", formas alternativas de editar a informação. Constatou-se ainda um paradoxo maior: o gene é regulado pela proteína do citoplasma. Na verdade, as proteínas determinam aquilo que deveria determiná-las, conforme suposição anterior. E o gene fica à mercê dos estímulos do meio interno (citoplasma) e externo.
As revelações espirituais já nos tinham alertado quanto a essas possibilidades. No livro A caminho da Luz ,de 1938, Emmanuel afirma que: "Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albuminóides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e livres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos oceanos". Com isso, tomamos conhecimento de que as proteínas são as mais antigas moléculas da vida na crosta terrestre. Isto já indicaria a sua importância na hierarquia dos fenômenos envolvendo os seres vivos.
Do mesmo modo, no livro Evolução em Dois Mundos , em 1958, aprendemos que a
alma atua sobre o citoplasma, "através dos bióforos ou unidades de força psicossomática" (57).
Entre estas unidades, os bióforos, estão as mitocôndrias que são verdadeiras usinas de força do citoplasma, que "podem ser considerados acumulações de energia espiritual, em forma de grânulos". Os bióforos, portanto, são os que se encarregam de transmitir à célula a produção da mente "todos os seus estados felizes ou infelizes" (58)
Em última análise, a mente age mais diretamente sobre as proteínas do citoplasma (meio interno), influindo nas "escolhas" dos genes, isto é, determinando a edição da informação. Poderíamos dizer que a mente seria o software desse computador sofisticadíssimo que é a célula.
(57) Evolução em Dois Mundos, cap. VII
(58) Evolução em Dois Mundos,cap. VIII.
CÂNCER
Embora os avanços da última década, o que chamamos com a denominação genérica de câncer são, na verdade, várias doenças com características similares, que apresentam variáveis muito grandes. O alto grau de heterogeneidade dos tumores, pode levar ao sucesso ou não do arsenal terapêutico disponível.
Em 1982, Mariano Barbacid, da Espanha, descobriu o primeiro oncogene; hoje, são mais de 100 detectados. Desde então, os progressos na luta contra o câncer não param. Já se descobriu células imunológicas específicas capazes de atuar contra o câncer de mama e ovário.
Em S.Paulo, Brasil, o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer tem obtido importantes vitórias em desvendar padrão de metástases.
O chefe do laboratório de Biologia Computacional deste Instituto, Sandro José de Souza, um dos escolhidos pela revista Technology Review , do MIT (Massachusetts Institute of Technology), em novembro de 1999, aos 33 anos, como um dos cem jovens mais promissores do mundo na área de tecnologia, tem feito uso intensivo da informática na pesquisa do genoma- câncer (59). O trabalho dele e da equipe é extrair material genético de tumores de doentes com câncer, somente os pedaços do código utilizados pelas células cancerosas em sua atividade destruidora; depois esses estudos detalhados são encaminhados a outros institutos de pesquisa no mundo, o que permitirá, no futuro, uma compreensão maior do papel dos genes nesta intrincada moléstia e o desenho de remédios específicos para cada indivíduo e cada tipo de tumor .
O oncologista já conta, no momento, com a possibilidade de desenhar um tratamento específico, baseado nas características moleculares do tumor. Com o emprego dessas drogas específicas, há menos efeitos colaterais.
Outro avanço foi alcançado no domínio da quimioterapia: em forma de pílula age diretamente, sobre o tumor, matando as células malignas. Infelizmente devido ao alto custo, somente nos países mais ricos é possível encontrar um maior número desses medicamentos, feitos especificamente, para determinados tumores.
(59) Revista da Folha, Reportagem especial, Marcelo Leite, 30/12/99
CÂNCER NA VISÃO ESPIRITUAL
Como já dissemos, quando analisamos as infecções e as predisposições mórbidas, é preciso buscar na alma as raízes das doenças. No caso do câncer, não poderia ser diferente.
As produções mentais negativas geram irradiações impróprias, semelhantes às projeções de raios X ou de raios ultravioleta, que se tornam lesivas às células, prejudicando o trabalho sinérgico delas, e provocando, conseqüentemente, a sua desarticulação.
A doença surge como um estado secundário, na verdade, a origem do câncer ou da perturbação do equilíbrio celular encontra-se muito mais radicada na distonia da mente.
Sabemos que no núcleo da célula, no genoma (total de genes), temos o conjunto de probabilidades para a nova existência, construído com base no estado evolutivo do Espírito reencarnante, refletido no perispírito ou modelo organizador biológico. No núcleo , portanto, está expresso o carma de cada um, a conta do destino que ele traz de vidas anteriores, mas as criaturas têm a possibilidade de modificá-lo, todos os dias, fazendo suas escolhas, quanto ao funcionamento ou não de determinados genes; no caso do câncer, dos oncogenes.
A mente age sobre o citoplasma e influi diretamente sobre as "escolhas" dos genes, selecionando-os; dela vai partir, portanto, a ordem que os colocará em funcionamento ou não. Com o término da primeira fase do Projeto Genoma, em fevereiro de 2001, vimos como é importante o chamado meio interno, localizado no citoplasma da célula, e é justamente, aí, segundo informações dos Instrutores Espirituais, que a mente atua, determinando ao núcleo o que fazer. Isto explica porque, embora presente no genoma de famílias inteiras, determinado oncogene só se manifesta em alguns dos seus membros.
Por tudo isso, a medicina do futuro dará ênfase ao papel educativo do médico, que estará muito mais engajado no aspecto preventivo das doenças. Como educador e um dos principais agentes de saúde, ele ressaltará a importância da conduta moral elevada, difundindo a necessidade do cultivo da humildade e do devotamento ao bem para que o ser humano conquiste a saúde sem mácula. Segundo os ensinamentos espirituais, somente o amor puro, desinteressado, enseja a imunologia perfeita, porque permite a assimilação das forças superiores que mantém o corpo saudável. (60)
(60) Maiores informações, em Evolução em Dois Mundos, cap. XX
RECONSTRUINDO O CORPO
Hoje, mais que em qualquer fase do planeta, as pesquisas são transdisciplinares, com a participação de engenheiros, físicos e químicos nas pesquisas biomédicas. Tem sido assim na produção de ossos e cartilagens.
Joseph Vacanti, cirurgião pediátrico norteamericano, diretor do Laboratório de Transplantes e Engenharia de Tecidos do Hospital Infantil de Boston, trabalha na fabricação de órgãos humanos. Em 1986, com o engenheiro Robert Langer criou um processo que vem sendo utilizado para produzir tecidos humanos por meio de bioengenharia. Hoje em dia, existem dúzias de laboratórios produzindo cartilagens, ossos e orelhas. Até 2020, cerca de 95% do corpo humano já poderá ser substituído por órgãos criados, segundo crêem os cientistas.
Outros nomes merecem destaque nesse campo. Lembraremos dois deles.
Venkatram Shastri (61), mais conhecido como Prasad., nasceu em Bombaim, na Índia, onde graduou-se em química. Trabalha, desde 1994, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), no laboratório chefiado por Robert Langer, dentro do Departamento de Engenharia Química, onde se produz uma usina de novos materiais para a medicina, como é o caso da cartilagem cultivada em laboratório. Prasad é engenheiro de tecidos, no momento, especialista em cartilagens, mas também pretende trabalhar com pesquisas de células-tronco embrionárias, que são capazes de se transformarem em qualquer tipo celular do organismo adulto.
Jackie Ying (62), engenheira química norte-americana, chefia um grupo que toca 17 projetos do MIT e também foi apontada, como Prasad, pela prestigiada revista "Technology Review", entre as cem maiores promessas da tecnologia para o século 21. Um dos campos que Ying pesquisa é o de materiais nanocristalinos, nos quais se manipulam a estrutura e organização das moléculas, com vistas à fabricação de ossos artificiais.Todas essas conquistas da ciência são bem-vindas, mas há uma verdade para a qual os Espíritos Superiores nos chamam a atenção:
"Ofertamos braços e pernas artificiais aos mutilados; contudo, somos francamente incapazes de remediar as lesões do sentimento" (63)
É necessário trabalhar preventivamente neste campo, sem o que podemos multiplicar a nossa capacidade de produzir remendos, mas não seremos capazes de eliminar as causas produtoras das lesões.
(61) e (62) (Especial FSP, 30/12/99)
(63) Evolução em Dois Mundos , Pref.)
TECNOLOGIA X DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Desde 1994, o médico Yohichi Haga e o engenheiro Masayoshi Esashi têm trabalhado 12 horas por dia, em um dos laboratórios da Universidade de Tohoku , em Sendai, a 350 km ao norte de Tóquio, no aperfeiçoamento de um novo catéter totalmente articulado e inteligente, comandado por joysticks, que navegará por dentro das veias e artérias do corpo humano. Com este catéter-robô, não haverá mais necessidade de torcer o fio, quando se tem de fazer uma curva dentro da veia ou artéria, porque será guiado até o ponto desejado com o auxílio de um ou vários joysticks. O novo processo dispensará o uso de raio-X, pois a ponta do instrumento terá um censor que emitirá sinais de dentro do corpo do paciente. O sinal será sobreposto no computador a uma imagem digitalizada do corpo do paciente, obtido previamente com a ajuda de ressonância magnética. A intenção é entrar no cérebro para retirar aneurismas cerebrais, uma vez que o catéter, construído à base de tecnologia digital e microrrobótica, terá apenas 1mm de diâmetro.
Lina Badimón, médica pesquisadora do Hospital Mount Sinai, em Nova York, e também da Universidade de Harvard, atualmente, diretora da cadeira de Pesquisas Cardiovasculares da Universidade Autônoma de Barcelona, tem se dedicado a decifrar os mecanismos dos ataques cardíacos. Ela espera encontrar um meio de bloquear a formação de placas arteriais para que se possa evitar os infartos do miocárdio. (64)
Pesquisadores do Rio de Janeiro anunciaram, no dia 29 de abril de 2002, o sucesso do emprego de células-tronco adultas no tratamento de doenças cardíacas terminais. Segundo o biólogo Radovan Borojevic, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o médico Hans Dohmann, ambos coordenadores da pesquisa, o resultado foi muito além do esperado. Os pacientes que, teoricamente, tinham seis meses de vida e mal podiam tomar banho, hoje em dia, caminham e fazem exercício físico. O coração deles voltou a funcionar com a mesma eficiência de uma pessoa sadia (65). As células-tronco, que dão origem aos mais diversos tecidos do corpo, podem ser encontradas nos embriões, em suas primeiras fases de desenvolvimento, e em algumas áreas do organismo adulto, como por exemplo, na medula óssea. Nessa pesquisa, foram utilizadas as da medula óssea do próprio paciente de modo que não causaram nenhum tipo de rejeição. Os pesquisadores retiraram do osso do paciente o material de onde separaram as células-tronco, estas receberam tratamento adequado em laboratório e depois foram reinseridas no coração do paciente, com um catéter. O processo todo durou 48 horas, sem necessidade de internar o paciente numa UTI.
Os resultados não dependem somente do sucesso do transplante de células, mas principalmente do estado em que se encontram o coração e a medula óssea da pessoa. Segundo pesquisa da revista "Nature Biotechnology" (66), um grupo de cientistas noruegueses conseguiu outro feito importante, transformou células comuns de pele humana em células imunológicas ou de defesa do organismo
O grupo, da empresa de biotecnologia Nucleotech LLC, prepara-se para oferecer aos pacientes, transplantes os próprios tecidos, podendo, em tese, tratar doenças como diabetes juvenil e deficiência imunológica. James Robl e seus colegas na Nucleotech e na Universidade de Oslo, Noruega, abriram buracos em células maduras da pele, mergulhando-as, depois, numa solução feita de células-tronco imunológicas. Com isso, obtiveram células muito semelhantes às células-T, do sistema de defesa. O procedimento é simplificado para um dia: o paciente viria e faria uma biópsia de pele para o laboratório reprogramar e, no dia seguinte, receberia as células de volta. Esta técnica, se confirmada, simplificaria o processo de obtenção das células reparadoras do tecido lesado, com a reprogramação de células adultas, a partir de pouca quantidade de células-tronco.
Todos esses procedimentos entreabrem uma verdadeira revolução na Medicina dos nossos dias, tornando, em breve, obsoletos os transplantes e outros procedimentos que implicam em amplas cirurgias, invasivas e expoliadoras.
Ainda assim, restaria uma lembrança dos mentores a ser considerada:
"Sabemos equilibrar a circulação do sangue para garantir a segurança do ciclo cardíaco, mas ignoramos como libertar o coração do cárcere de sombras em que jaz, muitas vezes mergulhado na poça das lágrimas, quando não seja algemado aos monstros da delinqüência" (67).
Mais uma vez aqui se destaca a necessidade da educação preventiva que, reduzindo os desequilíbrios, permitirá à Medicina tratar com cada vez mais eficácia um menor número de pacientes, selecionados não pela capacidade de remuneração, mas pela diminuição das causas indutoras dos estados doentios. Esta, que é a filosofia do saneamento básico nas cidades e povoados, dever-se-á impor também numa Medicina do futuro.
(64) Especial FSP, 30/12/99).
(65) Folha Ciência, 1/5/02.
(66) (www.nature.com/nbt).
(67) Evolução em Dois Mundos, pref.)
RETARDANDO O ENVELHECIMENTO
Etienne-Emile Baulieu, médico, cientista e pesquisador francês, Diretor da Unidade 33 do Inserm, em Paris, tornou-se famoso como pai da "pílula do dia seguinte", a RU 486, pílula abortiva, adotada há muitos anos na França e, desde o ano 2000, nos EUA.
Baulieu descobriu o neuroesteróide DHEA (deidroepiandrosterona) nos anos 1960, mas só recentemente se voltou para o seu estudo, constatando que a queda na sua produção está diretamente ligada ao envelhecimento humano. Descobriu também que ele é fabricado não apenas pelas glândulas supra-renais, mas também pelo cérebro e, quando administrado, não produz efeito colateral indesejável.
Como fruto de seu trabalho, o DHEA passou a ser comercializado e vendido na França, desde junho de 2001, sendo mais conhecido como a "pílula da juventude". Segundo seu descobridor, o envelhecimento é irreversível, mas é possível, com o auxílio do hormônio, tratar da pele, dos cabelos brancos, reverter vários problemas cerebrais, como a dificuldade de aprender, melhorar o bem-estar, e viver, quem sabe, cerca de 150 anos.
Apesar disso, é preciso não esquecer a respeito deste assunto, o que dizem os Instrutores Espirituais:
"A personalidade não é obra da usina interna das glândulas, mas produto da química mental" (68).
Enfatizando ainda:
"A endocrinologia poderá fazer muito com uma injeção de hormônios (...) , mas não sanará lesões do pensamento" (69).
Viver até 150 anos, sem preparo nenhum do ponto de vista espiritual, é dilatar bastante a possibilidade de incidência da demência senil, uma vez que esta, na grande maioria das vezes, significa a fixação da mente nos impulsos inferiores (70). E para a infantilidade espiritual não há hormônio nenhum que dê jeito. É imprescindível, para uma melhor qualidade de vida, que o ser humano aprenda a viver segundo os ensinamentos de Jesus, que nos recomenda a "amar ao próximo, como a nós mesmos".
(68) e (69) No Mundo Maior, cap.11
(70) No Mundo Maior , cap 16
CAMINHOS DA SOLIDARIEDADE
No Brasil, o médico infectologista, Eugênio Scannavino, diretor da organização não-governamental Saúde e Alegria, trabalha em Santarém, Pará, junto a uma população de 20 mil pessoas. Criou a ONG, que é financiada por organismos internacionais, ao preço ínfimo de menos de 10 dólares por pessoa ao ano, com a finalidade de combater a miséria e a degradação ambiental, utilizando, para isso, circo, palhaços, rádio, jornal e TV. Criado em 1987, o programa tem 320 agentes comunitários e 120 repórteres rurais. A mortalidade infantil é combatida com educação, cloro e uma farinha feita com gergelim e folha de mandioca. Com isso, não há mais morte por diarréia nem desnutrição, nas populações ribeirinhas dos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns, perto de Santarém.
Não conheço pessoalmente o Dr. Scannavino, nem sei se ele tem alguma convicção religiosa, na verdade, isto é irrelevante, o que desejo ressaltar é o seu exemplo, para lembrar que os médicos espíritas também estão atentos às suas responsabilidades sociais junto às populações mais carentes.
Desde os primórdios do movimento médico-espírita brasileiro, no século XIX, tendo à frente Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, nosso patrono, são muitos os exemplos de colegas que têm se dedicado, abnegadamente, aos mais pobres, procurando diminuir suas dores e angústias.
O Paradigma Médico-Espírita inclui a solidariedade como uma das vigas-mestras de sua estrutura. E este sentimento que nasce do mais puro amor fraterno é o traço de união que deve unir o médico à coletividade.
Nesse momento em que a Ciência progride vertiginosamente no planeta, em que vemos diminuir os sofrimentos do corpo, constatamos, por outro lado, a multiplicação das doenças da alma.
Os assassinatos cometidos nas guerras apresentam requintes de perversidade muito além dos que foram conhecidos em épocas anteriores; os homicídios, os suicídios, as tragédias conjugais, os sentimentos desgovernados, a inquietação sexual, as moléstias desconhecidas, a loucura, invadem os lares humanos. O homem não está preparado para lidar com o conforto físico, porque não sabe agir efetivamente no campo do Espírito, construindo o Bem. Por isso, "dominará, cada vez mais, a paisagem exterior que lhe constitui moradia, embora não se conheça a si mesmo."(71)
Neste momento grave pelo qual passa o Planeta, julgamos muito importante a mensagem da Espiritualidade Superior:
"O médico do porvir (...) não circunscreverá sua ação profissional ao simples fornecimento de indicações técnicas, dirigindo-se, muito mais, nos trabalhos curativos, às providências espirituais, onde o amor cristão represente o maior papel" (73)
(71) Os Mensageiros, cap. V, pp 33 e 34)
(72) No Mundo Maior, cap.11)
(73) Missionários da Luz, Cap. 12.

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